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Retrospectiva MEMO: as notícias mais importantes do Oriente Médio em 2021

Relembre os fatos que marcaram o Oriente Médio em 2021

 

Com a chegada da virada do ano, relembre as notícias sobre o Oriente Médio e Norte da África que foram destaque no site do Monitor do Oriente Médio durante 2021 e comece o próximo ano bem informado. O ano ficou marcado especialmente pelos protestos após o golpe militar em Myanmar, em fevereiro, as tristes cenas dos bombardeios israelenses a Gaza, em maio, e a retomada do Afeganistão pelo Talibã, com a retirada das forças americanas do país, em agosto, dando fim a vinte anos de guerra.

Atentado em Bagdá

Em 21 de janeiro de 2021, a capital do Iraque, Bagdá, foi alvo de um atentado suicida duplo, que atingiu um mercado movimentado na área de Bab Ah-Shairi, perto da praça Taravan. O atentado matou 32 pessoas e feriu outras 110. Este foi o primeiro atentado suicida a atingir a cidade em quase dois anos e o primeiro em três anos a atingir a mesma área comercial, pouco depois de o então primeiro-ministro Haidar Al-Abadi declarar vitória sobre o Daesh.

Golpe Militar em Myanmar

No mês seguinte, no dia primeiro de fevereiro, Myanmar (antiga Birmânia) sofreu um golpe de Estado conduzido por militares, que prenderam a líder “de facto” do país, Aung San Suu Kyi (vencedora do Nobel da Paz de 1991), e centenas de deputados. Após o golpe militar, o país teve uma onda de protestos, com manifestantes pedindo por democracia e libertação da líder e o governo militar bloqueou o acesso à internet para tentar evitar a propagação das manifestações.

Na tentativa de justificar o golpe, o general Min Aung Hlaing, chefe da Junta Militar de Myanmar, reafirmou que as eleições de novembro foram fraudadas; e que embora “as eleições anteriores em 2010 e 2015 tenham sido justas e livres”, a última estava “cheia de irregularidades”, as provas, para ele, são a alta participação pública, apesar da pandemia. Ele  afirmou que a tomada de poder havia sido de acordo com a constituição, e que seria “diferente” do reinado anterior que terminou em 2011, os militares governaram Myanmar por 49 anos. Em abril, a ONU anunciou que ao menos 568 pessoas já haviam sifo mortas no país desde que o exército assumiu o governo em fevereiro.

Incêndio em Bangladesh 

Em 22 de março, um incêndio de grandes proporções devastou um campo de refugiados da etnia rohingya em Bangladesh. O fogo se espalhou rapidamente e destruiu pelo menos dez mil abrigos em Ukhia, Cox’s Bazar, matando pelo menos 15 pessoas, com mais de 500 feridos.

Prisões na Jordânia 

Em 3 de abril, o ex-príncipe herdeiro da Jordânia, Hamza Bin Hussein, alegou em vídeo estar sob prisão domiciliar, sem contato com ninguém, acusado de entar sabotar a estabilidade do reino, ao incitar protestos populares. O jornal The Washington Post reportou que autoridades jordanianas prenderam o ex-príncipe herdeiro e quase vinte outras pessoas por suposta “ameaça à estabilidade nacional”.

Hamzah bin Hussein foi príncipe herdeiro entre 1999 e 2004, quando seu meio-irmão e atual monarca, Abdullah II, decidiu exonerá-lo da linha de sucessão ao trono, em favor de seu filho mais velho, Hussein bin Abdullah.

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Israel ataca Gaza 

Após protestos em massa na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental contra as tentativas israelenses de despejar os residentes palestinos do Sheikh Jarrah e as invasões de colonos à mesquita de Al-Aqsa, o Movimento Hamas reagiu, atacando Israel a partir de Gaza. No dia 10 de maio de 2021, Israel respondeu, iniciando um ataque brutal contra a Faixa de Gaza. Os bombardeios duraram onze dias, matando 260 palestinos, incluindo 66 crianças, de acordo com um relatório das Nações Unidas; do lado israelense, 12 pessoas foram mortas, incluindo duas crianças.

Durante os ataques, em 15 de maio, Israel destruiu a torre Al-Jalaa, na Cidade de Gaza, que abrigava agências de notícias árabes e internacionais, incluindo a Associated Press, a Al-Jazeera, a France Press e outras.

Em 20 de maio, Israel e o movimento de resistência palestina Hamas anunciaram um cessar-fogo, mediado pelo Egito e Estados Unidos.

Médico brasileiro preso no Egito

No início de junho, o Brasil repercutiu a notícia da prisão do médico e influenciador digital brasileiro Victor Sorrentino, preso no Egito por assédio sexual em 30 de maio após publicar vídeo em que se diverte ao assediar uma vendedora egípcia, fazendo comentários sexistas em português. No dia seis de junho, ele voltou ao país, após uma semana preso no país árabe. No Brasil, o médico Victor Sorrentino era conhecido por fazer coro ao presidente Jair Bolsonaro e defender publicamente o uso de medicamentos para tratamento precoce da covid-19, embora sem eficácia comprovada e contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde.

Golpe na Tunísia

Em 25 de julho, o presidente da Tunísia Kais Saied destituiu o primeiro-ministro  Hichem Mechichi, suspendeu o parlamento nacional e a imunidade dos deputados, e assumiu plenos poderes executivos.

Tanques militares cercaram o parlamento e os palácios do governo. O presidente do Parlamento, Rached Ghannouchi, acusou Saied de executar “um golpe contra a revolução e a constituição”. De acordo com o Middle East Eye, o primeiro-ministro foi espancado antes de renunciar, e autoridades de segurança egípcia estavam presentes na ocasião. Diversas pessoas, como o membro do parlamento Yassin Ayarin, foram presas por denunciar o golpe de Estado. Semanas depois, o presidente também demitiu ministros de seu governo.

Saied alegou que as medidas excepcionais seriam baseadas no Artigo n°80 da Constituição e prometeu “salvar a nação” após diversos protestos populares contra as crises política, econômica e sanitária que assolam a Tunísia. Após essas medidas, o país foi palco de diversos protestos populares contra Saied e em apoio.

Políticos na Tunísia pediram que o presidente Kais Saied fosse destituído do cargo devido ao “golpe contra a Constituição” desferido pelo chefe de Estado como um prelúdio para o retorno do país à tirania. Em meados de setembro, Saied declarou que governará por decreto e ignorará partes da constituição enquanto se prepara para mudar o sistema político. Em meio a crise, mais de cem proeminentes oficiais do movimento tunisiano Ennahda, incluindo parlamentares e ex-ministros, renunciaram.

Em 29 de novembro ele nomeou Najla Bouden Romdhane como primera-ministra e um novo governo foi formado.

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Retirada dos EUA do Afeganistão 

Em 30 de agosto de 2021, os Estados Unidos terminaram de retirar suas tropas do Afeganistão, após a retomada do poder pelo Talibã, encerrando os vinte anos de ocupação. O anúncio da retirada das tropas foi feito por Joe Biden em 8 de julho, afirmando que o povo afegão precisa decidir seu próprio futuro, ao invés de sacrificar mais uma geração de americanos em uma guerra invencível.

No dia 17 de agosto, o Talibã havia anunciado o fim dos  “vinte anos de guerra” e da “ocupação de forças estrangeiras” no Afeganistão, após a rendição de forças oficiais e a fuga do presidente Ashraf Ghani ao Tajiquistão. Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, em coletiva de imprensa,  anunciou uma anistia a todos os afegãos e alegou que mulheres poderão estudar e trabalhar, embora de acordo com as “leis sharia” — isto é, preceitos da tradição islâmica, conforme interpretação do grupo.

O Afeganistão mergulhou em uma crise em agosto, depois que os combatentes do Talibã expulsaram um governo apoiado pelo Ocidente, levando os doadores a reterem bilhões de dólares em assistência à economia dependente de ajuda. Nos meses seguintes, as necessidades humanitárias aumentaram rapidamente no Afeganistão, conforme milhões de afegãos sofriam com a fome. 

Fuga palestina de penitenciária israelense 

Em setembro, a resistência palestina comemorou quando seis prisioneiros conseguiram escapar de uma prisão de alta segurança de Israel por meio de um túnel. No dia 6 de setembro, seis prisioneiros palestinos – Munadil Nufey’at, Iham Kamamji, Yaqoub Qadiri, Zakaria Zubeidi e os irmãos Mahmoud e Mohammed al-Arida –  escaparam da prisão de alta segurança de Gilboa, no norte de Israel, por meio de um túnel cavado sob uma pia com uma colher, desencadeando uma enorme caçada ao grupo.

Todos foram recapturados nas semanas seguintes, após uma enorme operação de busca. Cinco outros presos também foram acusados de auxiliar na fuga. O advogado dos detentos, Khaled Mahajneh, alertou que após a recaptura, os prisioneiros sofreram tortura.

Ciclone Shaheen 

Em 4 de outubro, o ciclone tropical Shaheen atingiu Omã com ventos violentos, chuvas fortes e inundações, levando a evacuação das áreas costeiras. Com a tempestade, que teve chuvas muito fortes e ventos fortes, com velocidades nas partes externas do ciclone variando entre 120 e 150 km/hora, ao menos treze pessoas morreram. No vizinho Irã, que também foi afetado pela tempestade, foi relatado que até seis pescadores estão mortos após terem desaparecido em Pasabandar, uma vila de pescadores perto da fronteira com o Paquistão. Shaheen foi rebaixado a uma tempestade tropical de acordo com a Autoridade de Aviação Civil do sultanato.

Bolsonaro no Bahrein 

Em 16 de novembro, o presidente do Brasil Jair Bolsonaro inaugurou a Embaixada do país no Bahrein, na primeira vez que um chefe de Estado brasileiro visita este pequeno e rico país do Golfo. Durante sua estadia, um vídeo feito pelo presidente repercutiu na mídia local do Bahrein. Nele, Bolsonaro exibe a suíte luxuosa em que estava hospedado em Manama, que custava R$ 46 mil à diária. O site árabe “Espelho do Bahrein”, reproduziu as palavras do presidente e o classificou como extremista de direita, que faz declarações polêmicas e é apoiador do regime militar. O site chamou a atenção para o fato de que Bolsonaro disse que poderia pagar o hotel, do tamanho de sua casa no Rio de Janeiro, mas que isso seria com o dinheiro do contribuinte brasileiro, e que no caso o custo de 7 mil dólares a diária foi  “pago pelo rei do país (Hamad bin Isa Al Khalifa)”.

Irã e o programa nuclear 

Em 29 de novembro, representantes do Irã juntaram-se a delegações estrangeiras para conduzir uma última tentativa de restaurar o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA). O diálogo fora interrompido em junho, com a eleição do presidente iraniano Ebrahim Raisi.

As negociações sobre o acordo nuclear iraniano entraram em fase decisiva na segunda semana de dezembro, em Viena. Em 15 de dezembro, o ministro das Relações Exteriores do Irã disse, na quarta-feira, que um “bom acordo” foi alcançado com a agência nuclear da ONU para tratar das preocupações sobre o programa nuclear de Teerã e fortalecer a cooperação entre eles. Relatos sugerem que o Irã concordou em permitir que a agência da ONU substitua as câmeras na instalação nuclear de Karaj, encerrando um impasse de meses.

Até agora, as negociações fizeram pouco progresso. No último dia 27, o chanceler iraniano afirmou que o atual foco das negociações nucleares em Viena é suspender todas as sanções estadunidenses em um processo comprovado, para assegurar as exportações de petróleo da república islâmica.  No dia 28, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, sugeriu apoio de seu governo a um “bom acordo” sobre a questão nuclear do Irã, desde que haja garantias de “supervisão real” sobre as instalações atômicas da república islâmica.

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