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Acordo nuclear iraniano entra em sua fase decisiva

Hakki Uygur, chefe do Centro de Estudos Iranianos (IRAM), durante entrevista exclusiva em Ancara, capital da Turquia, 9 de dezembro de 2021 [Metin Aktas/Agência Anadolu]
Hakki Uygur, chefe do Centro de Estudos Iranianos (IRAM), durante entrevista exclusiva em Ancara, capital da Turquia, 9 de dezembro de 2021 [Metin Aktas/Agência Anadolu]

Conversas muito esperadas sobre o acordo nuclear iraniano continuarão nesta semana, em Viena, após cinco meses de paralisação. Analistas esperam certa reconciliação.

“Nem o Irã, nem os países do P4+1 — Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha — querem o fim do acordo”, comentou Hakki Uygur, chefe do Centro de Estudos Iranianos (IRAM), durante entrevista concedida à agência Anadolu, em Ancara, capital da Turquia.

“Mesmo que não cheguem a um acordo ideal, deve haver um meio-termo”, acrescentou Uygur. “O fim das negociações e uma escalada nas tensões militares seria desfavorável a todos”.

Para Teerã, seria uma alternativa particularmente ruim, pois a recuperação de sua economia depende de algum recuo das sanções impostas pelos Estados Unidos.

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Em 29 de novembro, representantes iranianos juntaram-se a delegações estrangeiras para conduzir uma última tentativa de restaurar o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA).

O diálogo foi interrompido em junho, com a eleição do presidente iraniano Ebrahim Raisi.

A última rodada de conversas encerrou-se nesta semana, sem grandes avanços.

Durante as negociações, Teerã submeteu duas propostas aos países europeus: uma para suspender sanções, outra sobre os compromissos nucleares.

“Vimos reações duras pelos Estados Unidos e União Europeia contra as propostas, ao acusar o Irã de esperar condescendência”, prosseguiu Uygur, em sua entrevista.

A nova delegação iraniana, sob o novo governo, assumiu uma postura mais contundente do que sua predecessora, o que afastou novamente Washington das negociações.

Em 3 de dezembro, o Secretário de Estado Antony Blinken insistiu que Teerã não parece sério sobre retornar aos parâmetros do acordo e restringir seu programa de desenvolvimento atômico. A república islâmica nega, em contrapartida, ambições militares.

Uygur reiterou que os detalhes da proposta não foram compartilhados publicamente, de modo que tamanho segredo sugere que continuam as negociações.

Delegados do Irã e das potências estrangeiras voltaram a se encontrar na Áustria, nesta quinta-feira (9), após realizar consultas em suas respectivas capitais.

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Após uma reunião da comissão conjunta, Ali Bagheri Kani, chefe de negociações da república islâmica, afirmou que as partes mantêm-se motivadas para avançar com o diálogo.

Questionado sobre a resposta conferida às duas propostas iranianas, Bagheri destacou que a questão será debatida por seu respectivo grupo de trabalho.

Enrique Mora, representante da União Europeia e coordenador do processo, enfatizou que a negociação prossegue “até que um acordo seja alcançado”.

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