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Exibicionismo de Bolsonaro em suite repercute no Bahrein

Na terça-feira, Bolsonaro abriu a embaixada brasileira no Bahrein, país que em 2020 tornou-se o segundo do Golfo a normalizar as relações com Israel de Netanyahu, sob mediação de Donald Trump, dos EUA

A live de terça-feira do presidente Jair Bolsonaro em que se exibe na suíte luxuosa em Manama, no Bahrein, paga pelo pequeno e rico país do Golfo, repercutiu na mídia local, especialmente por ele ter mencionado o valor gasto com sua estadia: R$ 46 mil à diária.

O site árabe “Espelho do Bahrein”, reproduziu as palavras do presidente e o classificou como extremista de direita, que faz declarações polêmicas e é apoiador do regime militar. O site chamou a atenção para o fato de que Bolsonaro disse que poderia pagar o hotel, do tamanho de sua casa no Rio de Janeiro, mas que isso seria com o dinheiro do contribuinte brasileiro, e que no caso o custo de 7 mil dólares a diária foi  “pago pelo rei do país (Hamad bin Isa Al Khalifa)”.

No vídeo de quase quatro minutos, Bolsonaro mostra a suite em que se hospedou, que inclui sala, quarto, cozinha e escritório e anuncia a próxima parada, no vizinho Catar.

A delegação de Bolsonaro, recebida pelos países do Golfo, inclui a primeira-dama Michelle Bolsonaro, os filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro, os ministros Paulo Guedes (Economia), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Defesa) e Carlos França (Relações Exteriores), e os secretários Flávio Rocha, de Assuntos Estratégicos, e Mário Frias, da Cultura.

Antes do Bahrein, o presidente brasileiro esteve em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos,  também atraindo a imprensa com declarações impróprias ou inverídicas, mas que por isso mesmo rendem muitos comentários nas redes sociais, como a de que o Enem está ficando “com a cara do governo”, ou de que “a Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo”.  Com isso, as falas estapafúrdias ganham mais espaço na mídia do que seu isolamento na Conferência do Clima em Glasgow, na Escócia, marcada pela quase total ausência de encontros bilaterais entre chefes de Estado e o presidente brasileiro.

Na terça-feira, Bolsonaro abriu a embaixada brasileira no Bahrein, país que em 2020 tornou-se o segundo do Golfo a normalizar as relações com Israel de Netanyahu, sob mediação de Donald Trump, dos EUA, dois governos com os quais o governo brasileiro passou a alinhar-se diretamente desde as últimas eleições presidenciais. O primeiro a normalizar com o sionismo, no processo conduzido por Trump, foi o governo dos Emirados Árabes Unidos.

O Bahrein é uma ilha localizada na costa da Arábia Saudita. Não tem mais do que 760 km² e é um dos menores países do mundo. Mas é apontado internacionalmente como grande violador dos direitos humanos, tendo reprimido protestos sociais com violência, prendendo ou eliminando lideranças, em um crescendo repressivo desde as grandes manifestações de 2011.

LEIA: Bolsonaro e a controversa visita às monarquias do Golfo

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