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Cortes da UNRWA ameaçam vidas palestinas em toda a região, alertam ongs

Sacos de farinha em uma zona de distribuição da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza sitiada, em 28 de janeiro de 2024 [Abed Zagout/Agência Anadolu]

Vinte e uma agências humanitárias internacionais se uniram para expressar “profundo ultraje e apreensão” pelos cortes de alguns dos maiores doadores estatais nos recursos encaminhados à Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), órgão que presta serviços essenciais a milhões de pessoas não apenas em Gaza, como em toda a região.

Entre as ongs que assinaram o alerta, estão Save the Children, Action Aid, Oxfam e Conselho dos Refugiados da Dinamarca. Conforme a carta conjunta, os cortes no financiamento à agência das Nações Unidas “coincidem com a rápida deterioração da catástrofe humanitária em Gaza”.

“A suspensão das remessas por Estados doadores deve impactar o socorro vital a mais de dois milhões de civis, metade das quais crianças, que dependem dos serviços da UNRWA em Gaza”, reiterou a nota. “A população enfrenta fome e surto de doenças sob o bombardeio incessante e indiscriminado de Israel e a deliberada privação da assistência a Gaza”.

“Saudamos a rápida investigação da UNRWA sobre a suposta ligação de um pequeno número de funcionários da ONU nos ataques de 7 de outubro. Estamos chocados pela decisão imprudente de cortar uma corda de salvamento a uma população inteira, por alguns dos mesmos países que afirmaram urgência de aumentar a assistência e proteger equipes humanitárias que trabalham em Gaza”, acrescentou o comunicado.

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Na sexta-feira (26), o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, ordenou “ação imediata e efetiva para garantir a provisão de assistência humanitária aos civis de Gaza”.

No mesmo dia, Israel acusou 12 indivíduos — dos 30 mil funcionários da UNRWA — de estarem envolvidos na operação transfronteiriça do Hamas de 7 de outubro, que incorreu na captura de colonos e soldados. O governo israelense não deu detalhes, tampouco provas.

Ainda assim, aliados ocidentais, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e outros anunciaram suspender todas as remessas financeiras à agência humanitária da ONU.

A UNRWA prontamente abriu um inquérito sobre a matéria e revogou os contratos.

Em Gaza, 152 funcionários da UNRWA foram mortos por Israel e 145 instalações da organização sofreram danos devido aos bombardeios.

A UNRWA é a maior agência humanitária a operar em Gaza; no contexto atual, não há acesso de outras entidades. “Caso não se revertam os cortes, veremos um colapso completo da já restrita resposta humanitária em Gaza”, alertaram as 21 ongs.

“Os Estados que suspenderam os recursos arriscam maiores privações aos palestinos da região, sem comida, água, cuidados médicos, educação ou segurança”, acrescentou.

Israel insiste em equiparar funcionários da UNRWA a membros do Hamas — retórica que ecoa esforços de criminalização de toda a população palestina. Há anos, o regime ocupante reafirma um lobby incisivo para fechar as portas da agência.

Para Israel, caso a agência com mandato sobre os refugiados palestinos deixe de existir, a pauta dos refugiados — e o direito legítimo de retorno a suas terras — se torna prescindível. O regime colonial nega o direito de retorno desde 1948, quando firmou seu Estado sobre as ruínas de 500 aldeias e cidades palestinas, mediante expulsão de 800 mil cidadãos nativos.

LEIA: OMS desmente acusações israelenses de ‘conspirar’ com o Hamas

A filiação de Israel à ONU é condicional ao direito de retorno dos refugiados palestinos; todavia, não há sanções ou represálias por parte da comunidade internacional.

As ações israelenses em Gaza são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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