Portuguese / English

Middle East Near You

Paramédicos indicam roubo de órgãos por Israel nas valas coletivas de Gaza

Palestinos continuam a exumar corpos de valas comuns deixadas por forças israelenses no Hospital Nasser de Khan Yunis, no sul de Gaza, em 25 de abril de 2024 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

Paramédicos e equipes de resgate envolvidas na descoberta de corpos civis em valas comuns no Hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul de Gaza, expressaram receios sobre roubo de órgãos por forças de Israel.

Após a retirada das tropas ocupantes, foram encontradas três covas coletivas no centro médico de Khan Yunis, somando 392 corpos até então. Segundo a agência de notícias Wafa, 165 corpos continuam não identificados devido ao desfiguramento.

Vídeos e fotos mostram sinais de tortura e execução sumária. Algumas vítimas foram exumadas com sacos plásticos sobre a cabeça e/ou as mãos atadas às costas, além de lesões no abdômen inconsistentes com práticas médicas, levando a suspeitas de roubo de órgãos.

Paramédicos encontraram também o corpo mutilado de uma menina vestida em uma camisola de cirurgia. Outras vítimas, também em vestes cirúrgicas, parecem ter sido enterradas vivas.

Ferimentos de bala na cabeça de dezenas dos mortos confirmam execução sumária.

LEIA: Cerca de 400 cadáveres em valas comuns de Gaza foram encontrados com provas de tortura

Muitos corpos foram envoltos em capas negras e azuis de plástico e náilon — algo inconsistente com os lençóis brancos usados como mortalha em Gaza. O uso de tais materiais parece apontar esforços para aumentar a temperatura e acelerar a decomposição, a fim de omitir provas.

As vítimas foram sepultadas a três metros do solo, com corpos empilhados, segundo a Wafa.

Com base nas evidências compiladas, as equipes técnicas concluíram indícios de crimes de lesa-humanidade cometidos pelas forças da ocupação israelense no Hospital Nasser.

Covas coletivas também foram descobertas semanas antes nos hospitais Kamal Adwan e al-Shifa — maior complexo de saúde de Gaza —, mais ao norte, após invasão israelense.

Nações Unidas, União Europeia, França, Estados Unidos e outros pediram investigação urgente sobre as valas comuns.

LEIA: ONU reforça urgência de inquérito sobre covas coletivas em Gaza

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.

Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

Categorias
IsraelNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments