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ONU reforça urgência de inquérito sobre covas coletivas em Gaza

Equipes de defesa civil encontram 51 corpos em vala comum no Hospital Nasser, de Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em 24 de abril de 2024 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

Farhan Haq, vice-porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), reiterou a necessidade de se conduzir uma investigação sobre as covas coletivas encontradas em numerosas áreas da Faixa de Gaza após operações israelenses.

A declaração de Haq à imprensa, emitida nesta quarta-feira (24), sucede a descoberta de outros 51 corpos em uma vala comum no Hospital Nasser, de Khan Yunis, no sul do território. São, até então, centenas de corpos descobertos após a retirada momentânea das forças de Israel.

Neste contexto, conforme a nota, a ONU reforçou apelos por uma “investigação independente, eficaz e transparente sobre as mortes nos hospitais Nasser e al-Shifa”.

O Hospital al-Shifa, maior complexo médico de Gaza, foi sitiado e invadido por Israel em março, pela segunda vez, levando a sua completa destruição, além da morte de pacientes, refugiados e profissionais da saúde.

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“Temos de ver que tipo de investigação está em curso”, advertiu Haq. “A esta altura, há diversas entidades em campo, como a Organização Mundial da Saúde, a Cruz Vermelha e o Comissariado de Direitos Humanos, que podem monitorar as eventuais violações perpetradas em campo nos hospitais de Gaza”.

“Não creio que a situação em campo seja favorável a uma investigação no momento”, lamentou Haq. “Novamente, é preciso suspender os combates, algo que pedimos reiteradamente”.

“A OMS repete seus apelos para que hospitais, trabalhadores de saúde, pacientes e civis sejam protegidos e tenham seus direitos humanos respeitados”, acrescentou o comunicado.

Uma delegação da Organização Mundial da Saúde (OMS) das Nações Unidas visita e inspeciona o Hospital Shifa, que foi fortemente destruído pelos ataques israelenses na Cidade de Gaza, Gaza, em 05 de abril de 2024. [Karam Hassan/Agência Anadolu].

Na segunda-feira (22), o serviço de defesa civil de Gaza confirmou a descoberta de dezenas de corpos em uma vala comum no Hospital Nasser, somando 283 mortos até então.

Muitas das vítimas, incluindo crianças, foram sepultadas com as mãos atadas nas costas, o que sugere execução sumária. Outros corpos apresentavam sinais de decomposição, além de marcas de mutilação deliberada.

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Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando 34.262 mortos e 77.229 feridos, além de dois milhões de desabrigados, até então. Entre as fatalidades, cerca de 14 mil são crianças.

Oito mil pessoas estão desaparecidas — provavelmente mortas sob os escombros.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, deferida em 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, energia elétrica, medicamentos ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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