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Palestinos esperam que Arábia Saudita os ouça sobre Israel, afirma chanceler

Ministro de Relações Exteriores da Autoridade Palestina (AP), Riyad al-Maliki, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em 13 de março de 2023 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A Autoridade Palestina (AP) espera contactar a Arábia Saudita para debater suas apreensões sobre um potencial acordo de normalização entre o reino do Golfo e a ocupação israelense, declarou nesta quinta-feira (3) o Ministro de Relações Exteriores, Riyad al-Maliki.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a aproximação entre sauditas e israelenses “pode estar a caminho”, após meses de pressão americana para mediar um acordo.

Oficiais dos três países, no entanto, tentam administrar expectativas, ao dizer que questões complexas permanecem em aberto, incluindo tensões na Cisjordânia e o eventual programa nuclear da Arábia Saudita – desenvolvido sob pretextos civis.

Ainda assim, rumores incitaram receios entre os palestinos, de modo que um tratado do tipo enfraqueceria sua posição no mundo árabe, em franco detrimento do estabelecimento de um Estado palestino independente no futuro próximo.

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“O que vimos nos noticiários é que os sauditas puseram diversas condições à normalização”, argumentou Maliki em coletiva de imprensa realizada em Ramallah. “Uma dessas condições é que se encerre a ocupação israelense e seja materializado o Estado da Palestina”.

“Temos esperanças de que a Arábia Saudita mantenha sua posição e não ceda à pressão e à intimidação do governo Biden ou qualquer outra potência”, reiterou o ministro. “Queremos que a Arábia Saudita nos escute – nós, os donos da terra – e nos consulte sobre a matéria. As relações saudita-palestinas são fortes e confiamos neles”.

Maliki reconheceu, contudo, que Riad mostrou interesse em restaurar um processo de paz sob liderança árabe. Negociações estão paralisadas desde 2014.

“É claro, gostaríamos de ouvir os sauditas e coordenar ações”, acrescentou. “Deste modo, os sauditas podem também nos ouvir sobre quais passos devem tomar para solucionar enfim a questão palestina”.

A Arábia Saudita, lar das cidades islâmicas de Meca e Medina, alega defender a Palestina nos fóruns internacionais e nega contatos públicos com Israel. A monarquia, no entanto, acatou em silêncio os Acordos de Abraão, que normalizaram laços entre a ocupação israelense, por um lado, e Emirados Árabes Unidos e Bahrein, por outro.

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Maliki manifestou decepção com a política externa de Biden, em particular, ao procrastinar promessas de reverter decisões de seu antecessor, Donald Trump, no sentido de reconhecer Jerusalém ocupada como capital de Israel, entre outras ações favoráveis aos assentamentos ilegais.

“O que isso nos diz?”, indagou Maliki. “Diz que a prioridade deles não somos nós”.

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