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PAM reduz ajuda mensal ao noroeste da Síria, em meio à piora da crise alimentar

17 de abril de 2022, às 10h20

Menino sírio recebe ajuda alimentar durante uma nevasca na aldeia de Azaz, na região de Aleppo, Síria, em 21 de dezembro de 2016 [Mamun Ebu Omer/Agência Anadolu]

A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu reduzir o número de itens em seu pacote mensal destinado a conter a crise alimentar no noroeste da Síria, devido ao corte em seus recursos, carência de commodities e aumento nos preços de produtos agrários.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) confirmou as medidas nesta semana.

Um porta-voz anônimo afirmou à rede Al Jazeera: “Para o noroeste da Síria, isso significa que, a partir de maio de 2022, a cesta básica terá redução de 1.300 a 1.170 quilocalorias por pessoa”.

Os beneficiários receberão da agência metade do volume de lentilhas, grãos-de-bico, arroz e triguilho. As quantidades de óleo vegetal, farinha de trigo, sal e açúcar continuam as mesmas.

Agências humanitárias e beneficentes que operam na província de Idlib, norte da Síria, corroboraram os cortes ao serem notificados por e-mail na última semana.

O PAM realizou outra redução substancial em sua cesta mensal em setembro de 2021.

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O novo corte deve impactar gravemente as famílias da região, a maioria das quais compostas por deslocados internos que vivem em campos já precários na província oposicionista de Idlib.

Wassel al-Ghajar, pai de quatro à espera de seu próximo, reiterou à Al Jazeera que as sucessivas reduções levaram sua família à margem da fome. “Se eles pararem de nos enviar cestas básicas, morreremos de fome junto de nossas crianças. A cesta é o que nos ajuda a passar o mês”.

Bilal Alwan, padeiro em Idlib, observou que o preço do mês dobrou desde a invasão russa na Ucrânia, em fevereiro, ao impactar exportações de trigos e outros produtos. Os insumos vêm agora da Turquia; o custo da tonelada de farinha acresceu de US$380 a US$500 desde então.

“Não temos alternativa e não produzimos o bastante na nossa região”, reiterou Alwan, ao citar secas e baixa colheita que assolaram a Síria nos últimos anos, impossibilitando o fornecimento local. “Que Deus nos ajude”, concluiu o padeiro.

Estima-se que 97% da população no noroeste da Síria – totalizando quatro milhões de pessoas – vivam na pobreza. Cerca de 1.35 milhão de pessoas dependem da ajuda conferida pelo PAM.

Alertas similares de fome endêmica são vistos no Iêmen. Na última semana, o PAM reportou falta de recursos e suprimentos, ameaçando a segurança alimentar de 19 milhões de pessoas que dependem de socorro humanitário.

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