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PAM reduz ajuda mensal ao noroeste da Síria, em meio à piora da crise alimentar

Menino sírio recebe ajuda alimentar durante uma nevasca na aldeia de Azaz, na região de Aleppo, Síria, em 21 de dezembro de 2016 [Mamun Ebu Omer/Agência Anadolu]

A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu reduzir o número de itens em seu pacote mensal destinado a conter a crise alimentar no noroeste da Síria, devido ao corte em seus recursos, carência de commodities e aumento nos preços de produtos agrários.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) confirmou as medidas nesta semana.

Um porta-voz anônimo afirmou à rede Al Jazeera: “Para o noroeste da Síria, isso significa que, a partir de maio de 2022, a cesta básica terá redução de 1.300 a 1.170 quilocalorias por pessoa”.

Os beneficiários receberão da agência metade do volume de lentilhas, grãos-de-bico, arroz e triguilho. As quantidades de óleo vegetal, farinha de trigo, sal e açúcar continuam as mesmas.

Agências humanitárias e beneficentes que operam na província de Idlib, norte da Síria, corroboraram os cortes ao serem notificados por e-mail na última semana.

O PAM realizou outra redução substancial em sua cesta mensal em setembro de 2021.

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O novo corte deve impactar gravemente as famílias da região, a maioria das quais compostas por deslocados internos que vivem em campos já precários na província oposicionista de Idlib.

Wassel al-Ghajar, pai de quatro à espera de seu próximo, reiterou à Al Jazeera que as sucessivas reduções levaram sua família à margem da fome. “Se eles pararem de nos enviar cestas básicas, morreremos de fome junto de nossas crianças. A cesta é o que nos ajuda a passar o mês”.

Bilal Alwan, padeiro em Idlib, observou que o preço do mês dobrou desde a invasão russa na Ucrânia, em fevereiro, ao impactar exportações de trigos e outros produtos. Os insumos vêm agora da Turquia; o custo da tonelada de farinha acresceu de US$380 a US$500 desde então.

“Não temos alternativa e não produzimos o bastante na nossa região”, reiterou Alwan, ao citar secas e baixa colheita que assolaram a Síria nos últimos anos, impossibilitando o fornecimento local. “Que Deus nos ajude”, concluiu o padeiro.

Estima-se que 97% da população no noroeste da Síria – totalizando quatro milhões de pessoas – vivam na pobreza. Cerca de 1.35 milhão de pessoas dependem da ajuda conferida pelo PAM.

Alertas similares de fome endêmica são vistos no Iêmen. Na última semana, o PAM reportou falta de recursos e suprimentos, ameaçando a segurança alimentar de 19 milhões de pessoas que dependem de socorro humanitário.

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