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Governo dos Estados Unidos suspende conversas com Israel sobre anexação, segundo relatos

Presidente dos Estados Unidos Donald Trump e Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu na Casa Branca, em Washington DC, 27 de janeiro de 2020 [Kobi Gideon/GPO/Agência Anadolu]
Presidente dos Estados Unidos Donald Trump e Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu na Casa Branca, em Washington DC, 27 de janeiro de 2020 [Kobi Gideon/GPO/Agência Anadolu]

O governo dos Estados Unidos suspendeu conversas com a administração israelense sobre os planos para anexar grandes porções da Cisjordânia ocupada, devido a disputas sobre o projeto e a implementação deste, em particular, entre o premiê israelense Benjamin Netanyahu, e os líderes do partido Azul e Branco (Kahol Lavan), o Ministro da Defesa Benny Gantz e o Ministro de Relações Exteriores Gabi Ashkenazi.

O jornal israelense Maariv reportou na quinta-feira (18) que, após disputa entre as partes supracitadas, durante reunião na qual participou o Embaixador dos Estados Unidos em Israel David Friedman, o seguinte relato: “Foi decidido que as conversas não continuarão até que os parceiros no governo cheguem a entendimento mútuo.”

Enquanto isso, Netanyahu, Gantz e Ashkenazi continuam a debater o plano de anexação. O premiê pretende declarar imposição de “soberania” de Israel sobre os assentamentos, “e talvez sobre territórios [ocupados] também”, segundo o Maariv. O reconhecimento de um estado palestino jamais é mencionado.

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Embora o Kahol Lavan oponha-se a esta diligência, partidos próximos a Gantz confirmam que o ex-comandante militar está comprometido com todos os princípios do “acordo do século”, proposto pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

Fontes no Likud e Kahol Lavan indicaram que Netanyahu e Gantz deverão encontrar-se em ocasiões independentes para tentar chegar a algum consenso.

O jornal citou fontes próximas à negociação, ao alegar: “Ashkenazi é um dos que insistem em não fazer concessões a Netanyahu e exigem reconhecimento total do plano de paz.”

Gantz e Ashkenazi também estabeleceram um canal de comunicação paralelo e independente com o genro e conselheiro de Trump, Jared Kushner. “Na tentativa de influenciar a posição americana, conquistaram algum sucesso, o que preocupa Netanyahu”, prosseguiu o Maariv.

 Eleições antecipadas

O jornal de direita Israel Hayom sugeriu que Netanyahu não pretende aguardar pela aprovação do partido Azul e Branco para avançar com a anexação. “A próxima semana marca o prazo para implementação do plano de impor soberania israelense.”

A reportagem acrescentou que Netanyahu entregou a Friedman diversos mapas das áreas previstas para anexação. Entretanto, “nenhum dos mapas era similar ao conceito publicado pelos americanos há alguns meses. Caso obtenha luz verde para um dos mapas alternativos, Netanyahu o adotará e avançará a todo vapor.”

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Segundo o jornal, Netanyahu declarou que realiza atualmente uma série de conversas de cúpula. Mesmo caso o Kahol Lavan se oponha ao plano, o premiê apresentará o plano ao governo para ser aprovado, considerando apoio de seu gabinete por maioria de apenas um voto, pertencente ao Ministro de Comunicações Yoaz Hendel.

Netanyahu pretende até mesmo contornar o Knesset (Parlamento de Israel), sob forte crença de que a questão será solucionada uma vez que o governo assuma uma decisão.

A reportagem reiterou que Netanyahu enfatizou em suas conversas que, caso o Kahol Lavan obtenha êxito em obstruir o plano atual, não hesitará em convocar eleições antecipadas.

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A nova “Lei do Primeiro-Ministro Alternativo” concede a Netanyahu o direito de dissolver o Knesset na primeira metade de seu mandato, sem transferir liderança interina a Gantz. Se Netanyahu decidir fazê-lo, então terá cinco meses para executar a dissolução do parlamento.

Enquanto isso, outros indicadores relacionados à lei orçamentária destacam a intenção de Netanyahu em antecipar as eleições gerais. Embora o acordo de coalizão conceda aprovação orçamentária para os anos 2020-2021, Netanyahu agora pede que o orçamento seja fechado apenas para este ano, a fim de postergar aprovação do ano seguinte até o próximo mês de março, de modo que levará a dissolução do Knesset.

O jornal citou ainda fontes do Likud que estimaram que: “Esta é uma alternativa de saída possível, pois o limite de cinco meses é menor do que deveria. No entanto, Netanyahu deve fazê-lo após o período de cinco meses apenas em caso extremo, ao passo que está perdendo controle da coalizão.”

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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