Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, advertiu nesta quinta-feira (19) que uma eventual intervenção dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã incorreria no que descreveu como uma “terrível espiral de escalada”, reportou a rede Anadolu.
Em coletiva à imprensa, em paralelo ao Fórum Econômico Mundial de São Petersburgo, Peskov reconheceu que “infelizmente, não vemos hoje uma base para a paz”.
“O que estamos vendo são declarações e ataques recíprocos”, reiterou. “Cada uma das declarações é mais grave do que a outra e o ciclo de tensões está piorando”.
Peskov enfatizou o apoio político da Rússia ao Irã — maior aliado do Kremlin na região, após a queda do regime sírio de Bashar al-Assad — e condenou novamente os ataques de Israel, conduzidos sem provocação na última sexta-feira (13).
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A escalada renovou receios de uma deflagração regional com participação de potências estrangeiras, como Estados Unidos e Rússia, incluindo a hipótese de uma nova guerra global. Ainda nesta quinta, o presidente americano Donald Trump pediu duas semanas para ponderar sobre a entrada na guerra, a favor de Israel.
Neste contexto, o secretário-geral do grupo libanês Hezbollah, Naim Qassem, ressaltou que sua organização “não é neutra e está do lado do Irã”, frente aos “direitos legítimos contra as mentiras da América, com o câncer que é Israel e sua arrogância”.
“Estamos com o Irã contra essa injustiça global porque defendemos a independência, a libertação de nossas terras e a liberdade de decisões e escolhas”, acrescentou Qassem. “Agiremos quando apropriado”.
Peskov, de sua parte, insistiu na necessidade de se adotar um cessar-fogo e retornar as partes relevantes à mesa de negociações.
Ao oferecer mediação, o porta-voz do presidente russo Vladimir Putin afirmou manter boas relações tanto com Teerã como Tel Aviv. “O presidente crê que resolver tensões é possível, mas requer tempo, iniciativa e vontade política”.
Na madrugada de 13 de junho, com apoio tácito da Casa Branca, Israel lançou ataques contra zonas civis, militares e nucleares do Irã.
As ações israelenses coagiram suspensão da sexta rodada de conversas Washington—Teerã sobre o acordo nuclear, revogado unilateralmente por Trump em 2018. O acordo prevê limites ao enriquecimento de urânio nos centros de pesquisa iranianos em troca do fim de sanções ocidentais impostas há anos.
Ainda no dia 13, Teerã reagiu com baterias de drones e mísseis balísticos que seguiram desde então, rompendo as onerosas barreiras de defesa israelenses.