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Resolução “muito atrasada” da ONU sobre o cessar-fogo precisa aliviar o sofrimento em Gaza, defende Anistia

Uma multidão de palestinos famintos, incluindo crianças, espera para receber alimentos distribuídos por organizações de caridade em meio ao bloqueio de Israel, enquanto a situação se deteriora drasticamente no campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, em 27 de março de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]

Para aliviar o sofrimento dos palestinos em Gaza e garantir um cessar-fogo duradouro, a implementação da “resolução já atrasada” do Conselho de Segurança da ONU é fundamental, disse a Anistia Internacional na segunda-feira (25).

“Essa resolução já deveria ter sido adotada há muito tempo, mas, para realmente aliviar o custo para os civis e lidar com a devastação em massa e o sofrimento em Gaza, é vital que ela seja implementada imediatamente e leve a um cessar-fogo duradouro”, disse Agnes Callamard, secretária-geral do grupo, em um comunicado.

Enfatizando que “não há um momento a perder”, Callamard pediu a Israel que interrompa sua “campanha de bombardeio brutal em Gaza” e facilite a entrega de ajuda humanitária.

“Israel, o Hamas e outros grupos armados também devem trabalhar para garantir que o cessar-fogo seja duradouro”, acrescentou ela, pedindo a libertação de todos os reféns e “todos os palestinos arbitrariamente mantidos em prisões israelenses e civis de Gaza”.

“Os palestinos em Gaza correm o risco de genocídio, mais de 32.000 pessoas foram mortas, crianças morreram em meio a uma fome iminente provocada por Israel e vastas áreas da Faixa de Gaza tornaram-se inabitáveis devido à brutal campanha de bombardeio de Israel”, acrescentou.

Agora, é necessária uma mudança na pressão política, explicou ela, incluindo um embargo imediato e completo de armas para garantir um cessar-fogo duradouro que transforme as condições terríveis de Gaza.

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Ela conclamou a comunidade global a deixar de lado as manobras políticas e priorizar o salvamento de vidas, garantindo que essa resolução estabeleça um cessar-fogo duradouro.

“Por sua vez, os EUA, que antes disso vetaram três resoluções que exigiam um cessar-fogo imediato, deveriam suspender as transferências de armas para Israel e usar seu status de principal aliado para fazer com que Israel concordasse com um cessar-fogo sustentado e permitisse o acesso irrestrito de ajuda humanitária a Gaza”, concluiu.

Na noite de terça-feira (26), a relatora especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos no território palestino ocupado, Francesca Albanese, afirmou, em um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, que “há motivos razoáveis para acreditar que o limite que indica o cometimento do crime de genocídio […] foi atingido”.

“Especificamente, Israel cometeu três atos de genocídio com a intenção necessária, causando sérios danos físicos ou mentais aos membros do grupo, infligindo deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para provocar sua destruição física total ou parcial e impondo medidas destinadas a impedir o nascimento dentro do grupo”, disse ela.

Além disso, “o genocídio em Gaza é o estágio mais extremo de um projeto colonial de longa data de eliminação dos palestinos nativos”, continuou.

Desde que o Conselho de Segurança da ONU votou por um cessar-fogo para o resto do Ramadã, Israel intensificou sua campanha de bombardeio em Gaza, inclusive na cidade mais ao sul de Rafah, onde cerca de 1,5 milhão de palestinos estão se refugiando atualmente, de acordo com a Al Jazeera.

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