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Hamas reforça demanda por presos políticos, mídia israelense antecipa recusa

Parentes e amigos de palestinos mantidos nas cadeias da ocupação israelense realizam protesto em Hebron (Al-Khalil), na Cisjordânia ocupada, 27 de fevereiro de 2024 [Hazem Bader/AFP via Getty Images]

À medida que negociações sobre uma troca de prisioneiros tomam corpo no Cairo — apesar da ausência de Israel — a mídia israelense alegou que o Hamas estabeleceu uma condição “nova e difícil” que deve prenunciar mais outra negativa por parte das autoridades ocupantes.

A “nova” demanda, segundo a emissora de televisão Canal 13, diz respeito a um maior número de palestinos a serem libertados, com foco em “prisioneiros de segurança”.

Egito e Catar, como mediadores, reintroduziram a reivindicação há alguns dias, após a Cúpula de Paris debater a soltura de dezenas de prisioneiros políticos.

Tel Aviv, em contrapartida, justifica sua ausência na capital egípcia ao insistir ao Hamas que compartilhe os nomes dos reféns ainda mantidos em Gaza.

O chefe da agência de espionagem israelense Mossad, David Barnea, alegou desde então “não haver nada o que discutir enquanto não houver resposta oficial do Hamas”.

Segundo a imprensa sionista, os apelos devem ser indeferidos pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que deseja a continuidade da guerra com receios de uma implosão do governo.

LEIA: Hamas diz ‘não saber exatamente’ se reféns em Gaza estão vivos ou mortos

Fontes oficiais expressaram pessimismo na noite de segunda-feira (4). “Há um impasse absoluto nas negociações”, declarou uma fonte.

A mídia israelense afirmou, no entanto, que “não há datas sagradas”, em referência aos esforços de Catar, Egito e Estados Unidos para cessar as hostilidades antes do mês islâmico do Ramadã, com início na próxima semana.

Um oficial sênior do grupo Hamas declarou nesta terça-feira (5) que houve algum progresso nas negociações e confirmou, contudo, que sua equipe já encaminhou ao Cairo o número de presos palestinos a serem libertados para cada refém israelense.

Segundo a fonte, citada pela emissora de televisão saudita Al-Hadath, o movimento pede ainda o retorno de 500 famílias de Gaza ao norte do território sitiado para cada dia de cessar-fogo — conforme prerrogativa do direito internacional.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas, que capturou colonos e soldados. Conforme o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas foram mortas na ocasião e outras 253 foram tomadas de reféns.

Contudo, desde então, reportagens investigativas do jornal israelense Haaretz confirmaram que grande parte das fatalidades incorreu de “fogo amigo”, sob ordens militares gravadas para que tanques e helicópteros disparassem contra os reféns.

Em Gaza, mais de 30 mil pessoas foram mortas pelos ataques israelenses, além de 70 mil feridos e dois milhões de desabrigados, em meio à destruição de 70% da infraestrutura civil. Hospitais, escolas, zonas residenciais, abrigos e rotas de fuga não foram poupados.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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