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‘Piratas’ do Iêmen fazem sucesso nas redes sociais

Embarcação Galaxy Leader, ancorada no porto de Hodeidah, após ser apreendida por forças iemenitas houthis, no Mar Vermelho, em 22 de novembro de 2023 [AFP via Getty Images]
Embarcação Galaxy Leader, ancorada no porto de Hodeidah, após ser apreendida por forças iemenitas houthis, no Mar Vermelho, em 22 de novembro de 2023 [AFP via Getty Images]

Um adolescente iemenita que descreveu a si mesmo como um “pirata” se tornou um fenômeno nas redes sociais após postar selfies em vídeo com a bandeira do Iêmen em um navio comercial apreendido no Mar Vermelho.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Rashed al-Haddad, de apenas 19 anos, conquistou visibilidade a sua causa.

“O rei dos piratas chegou no Mar Vermelho. Palestina Livre!”, escreveu o rapaz na rede social X (Twitter), ao publicar um vídeo na embarcação de carga Galaxy Leader.

A postagem, na qual ele aparece com uma barba rala, uma camisa cáqui e um cinto em estilo militar, reuniu 36 mil visualizações nas primeiras horas, incluindo comentários do tipo: “Amei, é um pirata rockstar!”

As imagens circularam também no TikTok, com mais de 60 mil visualizações.

O Galaxy Leader foi confiscado em 19 de novembro, após rebeldes houthis, que governam boa parte do Iêmen, lançarem operações contra navios mercantis ligados a Israel no Mar Vermelho, em solidariedade aos palestinos de Gaza.

LEIA: Tráfego em Suez cai 30% devido às operações houthis contra remessas israelenses

Desde então, a embarcação está ancorada na região de Hodeidah, nos mares iemenitas.

Do Iêmen, Rashed afirmou à agência Reuters: “Eles me compararam com um ator de Hollywood [Timotheé Chalamet], mas eu não me importo com essas coisas. Eu tuitei e disse que temos de nos concentrar, sim, na causa palestina”.

Rashed falou de uma poltrona no que parece ser uma sala de estar, vestindo um cinto militar ao lado de um rifle AK-47.

Em 7 de outubro, Israel lançou uma violenta campanha militar contra Gaza, que deixou mais de 25 mil palestinos mortos, 60 mil feridos e dois milhões de desabrigados até então. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Em resposta, os houthis do Iêmen lançaram um embargo no Mar Vermelho, ao confiscar navios após emitir alertas às tripulações, incluindo disparos — porém, sem quaisquer baixas. As ações iemenitas foram eficazes, forçando diversas corporações a assumir a rota mais onerosa do Cabo da Boa Esperança, contornando o continente africano.

O impacto econômico foi quase imediato, com 30% de queda na circulação do Canal de Suez e subsequente crise de abastecimento ao regime ocupante.

Em resposta, no entanto, Estados Unidos e Grã-Bretanha buscaram reunir uma coalizão armada contra os houthis e chegaram a realizar disparos à capital Saana.

Na quinta-feira (18), o presidente americano Joe Biden prometeu manter os ataques, ao admitir, no entanto, que estes não devem dissuadir os houthis iemenitas.

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell advertiu que as tensões na região representam “grave risco” de disseminar a guerra em Gaza, ao lamentar, porém, a obstrução de uma artéria vital à navegação internacional.

“Estamos à margem de uma situação potencialmente perigosíssima”, afirmou Borrell. “Vivemos o momento de mais alto risco geopolítico desde a crise dos mísseis de Cuba, em 1962. Isso me lembra também os cenários dos anos 1930”, isto é, que precederam a Segunda Guerra Mundial.

As ações israelenses dividiram o mundo, com países do Sul Global pressionando por um cessar-fogo, tanto em âmbito político e diplomático quanto nos fóruns institucionais, como o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia.

Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, entre outros países ocidentais, contudo, insistem em apoiar a campanha israelense, a despeito de profunda crise interna. A África do Sul alertou Washington e Londres que pretende denunciá-los a Haia por cumplicidade.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

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Palestina: quatro mil anos de história
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