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Evacuação não ajuda pacientes em Gaza, mas sim cessar-fogo, alerta OMS

Margaret Harris, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) [Reprodução/X]

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira (14) que a “melhor forma” de garantir a segurança dos pacientes e civis que se abrigam no Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, não é sua evacuação, mas sim “cessar as hostilidades imediatamente”.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Al-Shifa é o maior complexo médico de Gaza, chegando a abrigar dezenas de milhares de palestinos deslocados à força pelos bombardeios indiscriminados de Israel contra bairros residenciais.

O local é alvejado pelas forças ocupantes, sob campanha de desinformação e incitação de políticos israelenses e seus apoiadores.

Durante coletiva de imprensa em Genebra, Margaret Harris, porta-voz da OMS, destacou que as hostilidades devem cessar em nome de “salvar vidas e não ceifá-las”.

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Harris reiterou que todos dentro do hospital, incluindo 700 pacientes, 400 trabalhadores de saúde e cerca de três mil refugiados, estão em “uma situação muito, muito precária”. Harris confirmou ainda que houve 20 mortes entre pacientes nas últimas 48 horas, sob cerco cada vez mais agressivo.

“Todos estão em risco de vida. Nós, como comunidade internacional, temos de achar uma forma de ajudá-los. A melhor forma é cessar as hostilidades imediatamente, com foco em salvar vidas e não ceifá-las”,

declarou Harris.

Questionada sobre doenças transmitidas pela água, dado que Israel cortou o fornecimento a Gaza há mais de um mês e que a população tem de recorrer a fontes contaminadas, reiterou Harris: “Novamente, esta é uma razão pela qual imploramos por um cessar-fogo”.

“Mesmo em tempos normais, evacuação é difícil”

Sobre a ordem de evacuação israelense, Harris explicou que é impossível transferir cerca de 700 pacientes em estado grave, particularmente, devido à falta de combustível e ataques a ambulâncias e rotas de fuga.

“Certamente, mesmo em tempos normais, a evacuação é difícil”, prosseguiu Harris. “Deste grande número de pacientes, todos requerem assistência crítica para sobreviver. Seria algo dificílimo de realizar mesmo nas melhores circunstâncias, seja na Austrália, Estados Unidos, Reino Unido ou Europa, com tudo funcionando bem, sem bombas e sem disparos, com as estradas limpas e gasolina nos tanques das ambulâncias”.

Harris atribuiu o fato de que al-Shifa continua a funcionar a “esforços heroicos” de suas equipes médicas. “Sem combustível, água ou comida, as equipes ainda fazem tudo que podem para manter os serviços desesperadamente necessários a seus pacientes”.

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Tedros Adhanom, chefe da OMS, reportou, entretanto, que Al-Shifa “não mais funciona como um hospital normal”, mas sim como hospital de referência, para onde centros de saúde superlotados enviam pacientes que demandam cuidados especializados.

Israel mantém bombardeios incessantes a Gaza desde 7 de outubro, com 11.240 mortos até então — entre os quais 4.630 crianças e 3.130 mulheres —, além de 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.

Milhares de edifícios civis — incluindo hospitais, escolas, mesquitas e igrejas — foram danificados ou destruídos pelos ataques da ocupação.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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