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Hospitais sitiados e chuvas intensas agravam crise de saúde em Gaza

Pessoas feridas e crianças estão sendo tratadas por médicos no Hospital Aqsa Indonesia após o ataque israelense ao Campo de Refugiados de Jibalya, que matou 31 pessoas na Cidade de Gaza, Gaza, em 13 de novembro de 2023. [Fadi Alwhidi/Agência Anadolu]

A Organização Mundial da Saúde, OMS, saudou nesta terça-feira o que chamou de  “esforços heroicos” da equipe do Hospital Al-Shifa sitiado na Cidade de Gaza.

A agência expressou preocupação com centenas de milhares de pessoas deslocadas na região onde fortes chuvas causaram inundações e agravaram a crise aguda de saúde.

Profissionais de saúde ‘fazendo tudo o que podem’

Falando a jornalistas em Genebra, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, disse que “a chuva aumentará ainda mais o sofrimento” das pessoas em Gaza.

A porta-voz enfatizou que a agência da ONU implora para que um cessar-fogo aconteça agora.

Harris descreveu em detalhes “a terrível situação” no Hospital Al-Shifa, um foco de operações das Forças de Defesa de Israel, que afirmam que o Hamas estabeleceu um centro de comando sob o hospital. A alegação é negada pela equipe médica.

Falando dos “heroicos” profissionais de saúde, Harris disse que

eles estão “fazendo tudo o que podem para continuar”, mesmo com a instalação sem energia desde 11 de novembro e com grave escassez de comida e água potável no local.

Cerca de 700 pacientes ainda estavam presentes no hospital e mais de 400 profissionais de saúde, além de cerca de 3 mil pessoas deslocadas que ali procuraram refúgio.

36 recém-nascidos nas incubadoras

Entretanto, relatos nesta terça-feira indicam que os militares israelenses se ofereceram para fornecer incubadoras ao hospital Al-Shifa, onde 36 bebês prematuros necessitam de cuidados constantes.

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Cerca de seis bebês prematuros teriam morrido nos últimos três dias, pois as suas incubadoras não puderam funcionar devido à falta de eletricidade.

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Evacuação ‘muito difícil’

Questionada sobre a possibilidade de evacuar os pacientes, Margaret Harris explicou que todos os que permaneceram em Al-Shifa precisavam de apoio crítico para permanecerem vivos.

Segundo ela, movê-los “seria algo muito difícil de pedir nas melhores circunstâncias”, e é muito mais difícil em meio a bombardeios, confrontos armados e falta de combustível para ambulâncias.

A porta-voz da OMS disse que

“a melhor maneira seria parar os ataques agora mesmo e concentrar os esforços em salvar vidas, e não em tirar vidas”.

Doenças transmitidas pela água

Além dos feridos pelo conflito, o sistema de saúde precisa lidar com um aumento nas doenças transmitidas pela água e infecções bacterianas, causado pelas interrupções no bombeamento de esgotos e a escassez de água.

A OMS alertou na semana passada que, desde meados de outubro, foram notificados mais de 33,5 mil casos de diarreia, principalmente entre crianças menores de cinco anos, cerca de 16 vezes a média mensal.

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As instalações geridas pela agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, estão mais de nove vezes acima da sua capacidade e a sobrelotação representa ainda mais riscos de saúde. Mais de 580 mil pessoas deslocadas no sul de Gaza procuraram abrigo nesses locais.

A agência afirmou nesta terça-feira que esgotou suas reservas de combustível e ficará impossibilitada de movimentar os caminhões que estão trazendo ajuda humanitária para Gaza.

Número recorde de ataques à saúde

Cerca de 135 ataques a instalações de saúde foram documentados em Gaza ao longo do mês passado. A OMS disse que este foi o número mais elevado registado em um período tão curto de tempo.

A porta-voz da OMS apontou para uma “tendência crescente” de ataques aos cuidados de saúde, também observada noutros conflitos em curso no Sudão e na Ucrânia.

Ela contou a normalistas que “parece que de alguma forma o entendimento de que um hospital deve ser um porto seguro, um lugar aonde as pessoas vêm para serem tratadas quando precisam, foi esquecido”.

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Segundo a agência da ONU, mais da metade dos hospitais em Gaza não funcionam devido à falta de combustível, danos, ataques e insegurança.

Os 14 hospitais que permanecem abertos mal têm suprimentos suficientes para sustentar cirurgias críticas e prestar cuidados intensivos.

De acordo com o Escritório da ONU de Assuntos Humanitários, Ocha, apenas um hospital está funcionando no norte de Gaza.

Publicado originalmente em ONU News

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