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Lula ganha nos países árabes, mas com maior diferença na Palestina

Lula ao lado de sua esposa,com seus eleitores e apoiadores na Av. Paulista em comemoração a sua vitória após resultado das eleições. São Paulo, 30/11/2022 [ Ricardo Stuckert]

O ex-presidente Lula, eleito no dia 30 para seu terceiro mandato, derrotando o candidato à reeleição Jair Bolsonaro, foi mais bem votado, na média, nos países árabes (56,48% contra 43,52% de seu adversário) do que no Brasil (50,9% contra 49,1%). Dos países árabes em que houve votação para o segundo turno presidencial brasileiro, Lula venceu em sete e Bolsonaro cinco.

O candidato petista venceu nos maiores e mais importantes países árabes: Palestina, Egito, Arábia Saudita, Marrocos, Líbano, Jordânia e Tunísia. Líbano, Palestina e Jordânia (basicamente jordanianos ali residentes, expulsos de suas terras por Israel, em 1948 e 1967), além da Síria, país em que não houve urna para os brasileiros lá residentes, são os países de origem da grande comunidade árabe no Brasil, estimada em até 12 milhões.

Já o presidente foi vitorioso apenas em cinco das seis – na mais importante, Arábia Saudita, Lula venceu – petromonarquias do chamado Golfo Pérsico: Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Bahrein, nos quais há presença ínfima de imigração para o Brasil, razão pela qual poderiam estar menos influenciáveis pelas eleições brasileiras.

A Palestina deu a maior vitória para Lula entre os árabes: 90,5% contra apenas 9,5% para Bolsonaro, basicamente repetindo os números de 2018, quando o candidato do PT foi Fernando Haddad. A segunda maior votação de Lula foi no Marrocos (82,61% contra 17,39%) e a terceira veio da Jordânia (76,5% contra 23,5%). No Líbano Lula bateu Bolsonaro por 59,14% a 40,86%.

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Para o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, estes países têm em comum grandes migrações para o Brasil – a maior parte da marroquina é mais recente -, o que faz com que haja mais interesse e interação de seus eleitores no exterior com o Brasil. “Podem estar mais preocupados com os destinos do Brasil e mais afetados pela recente onda de ódio, intolerância, racismo e xenofobia, que atingiu especialmente os brasileiros de origem árabe, e ainda mais os de fé muçulmana”, observou Rabah.

O presidente da FEPAL destacou, ainda, que no caso palestino, a preferência avassaladora, até “desequilibrada” por Lula – e por Haddad em 2018 –, decorre dos ataques promovidos por Bolsonaro à Palestina e aos direitos do povo palestino. “Bolsonaro adotou uma política externa totalmente subordinada a Israel, quase que obedecendo suas ordens integralmente, em clara afronta aos direitos humanos, ao direito internacional e a todas as resoluções da ONU, chegando a votar contra a Palestina na OMS, no caso das vacinas contra a Covid-19, em plena pandemia”, lembrou Rabah.

Rabah destaca, ainda, que a grande preferência por Lula na Jordânia também está associada à grande presença palestina neste país, na condição de refugiada. “Até porque praticamente não há no Brasil jordanianos propriamente, senão palestinos que vieram de lá e que para este país retornam ou têm familiares”, explica.

Outros países do OM

O ex-presidente Lula também venceu (58,81% contra 41,19%), na média, nos outros três países do Oriente Médio – Turquia, Irã e Israel.

A vitória do petista foi garantida pelos eleitores na Turquia, que deu ao presidente 67,38% nas duas urnas abertas no país: na capital Ancara, que deu a Lula 71,43% e a Bolsonaro 38,57%, e em Istambul, em que Lula vendeu por 63,33% contra 36,67%.

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Já nos tecnicamente inimigos Irã e Israel, saiu vitorioso o presidente Bolsonaro. No Irã, Bolsonaro obteve 52,94% e Lula 47,06%. Em Israel Bolsonaro praticamente repetiu a votação entre os iranianos, obtendo 53,43%, contra 46,56% dados a Lula.

Em junho deste ano, a FEPAL promoveu um encontro com o então candidato Lula para entregar a ele uma carta com proposições da comunidade palestina do Brasil para um eventual governo, que se confirmou neste domingo.

Publicado originalmente em FEPAL

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