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A Grande Revolta Palestina (1936-1939)

A Palestina ficou sob o colonialismo britânico de 1920 até 1948 . O que a Grã-Bretanha chama de Mandato Britânico, é um termo cosmético para a ocupação colonial.

A Palestina ficou sob o colonialismo britânico de 1920 até 1948 . O que a Grã-Bretanha chama de Mandato Britânico, é um termo cosmético para a ocupação colonial. E foram justamente os britânicos os primeiros na Europa a anunciar seu apoio à formação de um “lar nacional para os judeus” nos territórios palestinos, com a Declaração Balfour, em 1917.

A promessa aos sionistas foi considerada uma traição pelos árabes, já que, antes da Primeira Guerra Mundial, para garantir seu apoio político e militar contra os otomanos, a Grã-Bretanha também prometera apoiar as lutas árabes por independência.

Com o crescente aumento da imigração judaica ilegal, somados a uma intensa crise econômica, eclodiram diversas revoltas contra o mandato britânico e o sionismo.

A imigração extensiva, a tomada de terras, a demissão de trabalhadores, a deterioração da situação econômica e a política discriminatória em favor dos trabalhadores judeus da Europa levaram a uma grave crise de desemprego entre os árabes. Por exemplo, o aviso de emprego com a frase ” trabalho somente judaico” se espalhou.

Os palestinos sofriam com altos impostos na produção agrícola. Muitos eram expulsos de suas aldeias e plantações. Aqueles que se mudavam para centros urbanos viviam na pobreza. E além disso, o mandato britânico promulgou uma lei que permitia o confisco de propriedades para fins militares. Mas estas terras eram depois entregues aos colonos judeus.

Em 1935, após várias revoltas nos anos anteriores, o líder popular da resistência palestina, Sheikh Izz al-Din al-Qassam, foi morto em um tiroteio com as forças coloniais. Seu funeral provocou revolta  generalizada entre os pobres, e sua morte contribuiu para a escalada da resistência.

No ano seguinte, começou a  Grande Revolta na Palestina, que durou três anos e teve como principais motivos a determinação dos árabes palestinos de conquistarem independência nacional e a reação aos planos de implantação de um estado colonial que era chamado “lar judeu na Palestina”.

Em 16 de abril de 1936, foi criado em Nablus um Comitê Nacional Árabe na Palestina, convocando os palestinos a iniciarem uma grande greve geral, deixando de pagar os impostos britânicos e boicotando produtos dos colonos judeus.

Em 25 de abril, para coordenar e apoiar a greve geral, comitês nacionais dos países árabes se uniram e formaram o Alto Comitê Árabe, liderado pelo Grande Mufti de Jerusalém, Amin Al-Husseini.

A greve teve a adesão de grande parte da sociedade palestina e paralisou a atividade econômica e comercial.

Em resposta, os palestinos foram submetidos a buscas domiciliares, prisões, tortura e demolição de casas.

A Grã-Bretanha então enviou uma comissão à Palestina, chamada Comissão Real de Inquérito, também conhecida como Comissão Peel.

Era presidida por Earl Peel e tinha como objetivo investigar as causas da revolta, prometendo buscar soluções.

Os líderes regionais árabes da Jordânia, Iraque e Arábia Saudita então pressionaram os palestinos a confiar que suas demandas  seriam respeitadas pelos britânicos. Por isso, a greve foi cancelada pelo Comitê Nacional em novembro de 1936, confiando nessa promessa.

Mas em julho de 1937, a Comissão Peel publicou seu relatório no qual simplesmente recomendava a divisão da Palestina em um estado árabe e um estado judeu.

O plano determinava mais transferências de terras e o deslocamento forçado de cerca de 225.000 habitantes nativos: o avanço da limpeza étnica da Palestina.

Isso exasperou ainda mais o povo palestino que retomou a resistência com maior intensidade.

Organizados, os palestinos assumiram o controle total de grandes áreas do interior, criando instituições, tribunais, cartórios e serviço postal para substituir as estruturas do mandato colonial.

Os britânicos reagiram enviando mais de 20.000 soldados e artilharia pesada contra a revolta popular. Eles também aplicaram punição coletiva, mandando palestinos para “campos de concentração”, destruindo bairros residenciais, fechando escolas e multando moradores em cidades e vilas.

Essa situação também fortaleceu os grupos militares sionistas, treinados e armados pelo governo britânico, como as gangues Haganah, que cometeram muitos massacres contra os palestinos.

Os britânicos enviaram outra comissão de inquérito, chefiada por John Woodhead, para examinar os aspectos técnicos da partilha. Entretanto, o relatório final de novembro de 1938 concluiu que a partilha não era viável devido à resistência.

Entre 1936 a 1939 estima-se que cinco mil palestinos tenham sido mortos, de 15 a 20 mil ficaram feridos e 5600 foram presos.

A revolução terminou em maio de 1939. O governo britânico publicou outro relatório, o chamado Livro Branco que prometia limitar a imigração judaica a 75.000 nos cinco anos seguintes. Também afirmava que um estado unificado e independente seria estabelecido dez anos depois, se houvesse relações favoráveis ​​entre a população árabe palestina e os judeus coloniais.

Entretanto, a limpeza étnica continuou e, após o prazo de 10 anos, o sionismo ilegalmente se autoproclamou Estado de Israel  e centenas de milhares de palestinos foram expulsos ou mortos na Nakba, em 1948.

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