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A Batalha de Al-Karama (1968)

Além de um revés israelense, a batalha de al-Karama é sentida pelos palestinos como uma vitória moral para o mundo árabe, para o exército jordaniano e para resistência contra a ocupação

 

Após a derrota árabe na guerra de 1967, conhecida como Guerra dos Seis Dias, toda a Palestina histórica, as Colinas de Golã e o Sinai foram ocupadas por Israel e o moral dos povos árabes pareceu desabar. Israel ainda lançou mão da “Guerra de Exaustão”, estratégia de ataques constantes para não permitir à resistência palestina se reorganizar.

Após a Jordânia perder o controle da Cisjordânia, os combatentes palestinos mudaram suas bases para o território jordaniano. O pequeno vilarejo de al-Karama rapidamente se tornou uma base importante para a resistência armada, em busca do retorno.

Para Israel, que alimentava o mito de “exército invencível”, era preciso eliminar os focos de resistência militar ao longo da vertente oriental do Vale do Jordão.

Documentos posteriores da inteligência jordaniana apontam que os objetivos iam além. A ocupação pretendia estender-se sobre as áreas do lado jordaniano, tomando-as, e já havia mobilizado suas forças na tentativa de ocupar as Colinas Balqa, próximas da capital, Amã.

Por várias semanas, Israel  realizou ataques e operações ao longo da fronteira, intensificadas de 15 a 18 de março de 1968, entre as pontes King Hussein e Principe Muhammad, com aviões sobrevoando todo o vale. O grande aumento das forças foi percebido pelo lado jordaniano.

Em 21 de março, às 5h25, Israel deflagrou a “Operação Inferno”, com batalhões da infantaria, paraquedistas, tanques, carros blindados, aviões e cerca de 15 mil soldados, em ataques em larga escala desde a ponte  Principe Muhammad no norte, ao sul do Mar Morto. Foi a primeira  grande invasão israelense ao território árabe desde o fim da guerra de 67.

Paraquedistas israelenses atacaram as bases militares de al-Karama, onde cerca de metade dos combatentes palestinos morreu resistindo ao ataque.

A confiança de Israel após a Guerra dos Seis Dias revelou-se um desastre. Seus estrategistas não esperavam a reação do próprio  exército jordaniano ao lado dos palestinos e foram surpreendidos ao encontrá-lo em prontidão, com tanques e artilharia com 15 mil soldados.

Foram 16 horas de combates entre os exércitos até que a batalha terminasse. Em apenas seis horas, os israelenses pediram cessar-fogo, através dos EUA e aliados, revelou o general jordaniano da batalha, Mashhour Haditha al-Jazi. As perdas eram muitas e inesperadas. Mas as forças jordanianas decidiram não aceitar o cessar-fogo  enquanto houvesse soldados israelenses no lado oriental do rio, obrigando a ocupação a uma retirada total.

Fontes indicam números imprecisos da batalha, com centenas de mortos e feridos e um grande número de tanques e veículos militares destruídos.

A saída de Israel representou um alto custo para a ocupação, que  não conseguiu dizimar a resistência nem impor sua invencibilidade, sendo ainda condenada por unanimidade pela Resolução 248 do Conselho de Segurança das Nações Unidas pelas violações e abuso da força nos ataques.

Além de um revés israelense, a batalha de al-Karama é sentida pelos palestinos como uma vitória moral para o mundo árabe, para o exército jordaniano e para resistência contra a ocupação.

Arquivos do Oriente Médio: A Invasão do Iraque

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