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Cristãos sofrem risco de ‘extinção’ nas mãos de Israel, alertam líderes religiosos

Fiéis cristãos na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, 4 de maio de 2013 [Lior Mizrahi/Getty Images]

Cristãos nos territórios palestinos ocupados enfrentam risco de “extinção” nas mãos de grupos radicais israelenses, advertiram líderes religiosos em uma mensagem alarmante às vésperas do Natal, na qual exortam solidariedade aos 2.3 bilhões de cristãos em todo o mundo.

“Nos anos recentes, a vida de muitos cristãos tornou-se insuportável, devido às ações de organizações locais com ideologias extremistas”, afirmou Francesco Patton, custódio na Terra Santa para a Igreja Católica, em artigo publicado pelo jornal britânico Daily Telegraph.

“Apesar de dois mil anos de serviço fiel, nossa presença é precária e nosso futuro está em risco”, acrescentou, ao alertar para as agressões perpetuadas por colonos ilegais israelenses.

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Patton é também guardião dos locais sagrados para o Cristianismo na Palestina histórica.

“Em Jerusalém, onde certa vez chegamos a 20% da população, hoje a comunidade cristã representa menos de 2% de seus habitantes”, reafirmou o frade franciscano.

Antes da Nakba — isto é, a criação do Estado de Israel via limpeza étnica, em 1948 —, os cristãos eram a segunda maior religião nas terras palestinas, com mais de 11% da população total. Setenta e três anos depois, a proporção foi reduzida a índices de “extinção”.

A expropriação violenta, anexação ilegal e ocupação militar de Israel sobre Jerusalém acelerou o êxodo de cristãos palestinos da região. Grupos de direitos humanos descrevem a política israelense como apartheid, sob a qual cristãos também são discriminados.

Segundo o representante do Vaticano, grupos coloniais judaicos buscam “expurgar a Cidade Velha de Jerusalém de sua presença cristã, incluindo o Quarteirão Cristão”.

Agressões coloniais, incluindo contra cristãos palestinos, vivenciam uma escalada, sob escolta de policiais e soldados da ocupação e mesmo a presença de parlamentares israelenses.

“Nos últimos anos, sofremos com a profanação de nossos lugares sagrados, a vandalização de nossas igrejas e agressões contra nossos sacerdotes, monges e fiéis”, prosseguiu Patton.

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“A frequência desses crimes de ódio fez com que famílias e comunidades que vivem na região há gerações sintam-se indesejadas em suas próprias casas”, reafirmou. Segundo Patton, os grupos extremistas “travam uma guerra de desgaste contra a comunidade, que não quer lutar”.

Uma mensagem semelhante foi publicada pelo Times, de autoria do Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, do Arcebispo Anglicano de Jerusalém, Hossam Naoum.

Ambos os líderes relataram que, ao conversar com membros da comunidade cristã em Jerusalém, é comum ouvir: “Dentro de quinze anos, não sobrará nenhum de nós”.

Ao exortar seus fiéis a “orar pelos cristãos expulsos da Terra Santa”, enfatizaram: “No berço da Igreja, fiéis desaparecem pouco a pouco perante a intimidação e a discriminação”.

A declaração de ambos denuncia ainda “ataques contínuos por uma série de grupos radicais” e “incontáveis agressões físicas verbais contra sacerdotes e associações cristãs”.

Acrescentaram os arcebispos: “O crescimento das comunidades coloniais [israelenses] e as restrições perpetuadas pelo Muro da Separação na Cisjordânia agravaram o isolamento das aldeias cristãs e limitaram as possibilidades sociais e econômicas da população”.

Em contrapartida, o Conselho de Representantes da Comunidade Judaica na Grã Bretanha repudiou os comentários do Arcebispo de Canterbury, ao descrever seu texto divulgado no Times como “profundamente preocupante”.

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