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EUA acusam Turquia de recrutar crianças; tensões diplomáticas aumentam

Criança observa marcha de soldados em Anitkabir, mausoléu de Mustafa Kemal Ataturk, fundador da república, em Ancara, Turquia, 19 de maio de 2021 [Adem Altan/AFP via Getty Images]
Criança observa marcha de soldados em Anitkabir, mausoléu de Mustafa Kemal Ataturk, fundador da república, em Ancara, Turquia, 19 de maio de 2021 [Adem Altan/AFP via Getty Images]

Os Estados Unidos designaram a Turquia à sua lista de países envolvidos com o recrutamento de crianças, medida que deve intensificar tensões já existentes entre as partes.

Em seu relatório anual sobre tráfico humano, Washington adicionou Ancara à sua lista de governos acusados de coagir menores de idade a forças militares ou paramilitares, conforme o Ato de Prevenção de Recrutamento Infantil (CSPA), promulgado em 2008.

Ao conceder “apoio concreto” à Divisão Sultan Murad, grupo da oposição síria que supostamente utiliza crianças e adolescentes como soldados, o regime turco envolve-se indiretamente na prática proscrita pela lei internacional, apontou a Casa Branca.

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Países e governos identificados pela lista — incluindo Afeganistão, Iraque, Irã, Paquistão, Iêmen, entre outros — estão sujeitos a certas restrições, como a suspensão da cooperação militar e de licenças comerciais para itens de guerra, salvo perdão presidencial.

Até então, não há detalhes se a Turquia será submetida a sanções, sobretudo ao representar o primeiro estado-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) denunciado na lista — portanto, aliado militar dos Estados Unidos.

Analistas pressupõem que a cooperação entre os países será mantida.

A designação, não obstante, ocorre em meio à negociação de um acordo entre Washington e Ancara para que o regime turco administre a segurança do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, após a retirada de tropas americanas em setembro.

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, reiterou: “No que concerne ao tráfico humano, não quero vincular o relatório às discussões construtivas que temos com a Turquia, sobre o Afeganistão ou qualquer outra área de interesse”.

Ao descrever a Turquia como “parceiro bastante prestativo e construtivo”, prosseguiu Price: “Há potencial para um perdão presidencial, mas caso ocorra será nos próximos meses”.

A chancelaria turca respondeu às acusações de apoio financeiro e operacional ao recrutamento de crianças ao descrevê-las como “exemplo aterrador de hipocrisia e dupla moral”.

Ancara argumentou que Washington apoia abertamente “milícias curdas”, como as Unidades de Proteção Popular (YPG) e facções das Forças Democráticas da Síria (FDS), e repassou as acusações de alistamento infantil a tais grupos de resistência nacional.

O gabinete de governo do presidente Recep Tayyip Erdogan alegou ser “inaceitável que os Estados Unidos imponham tais alegações à Turquia, aliado próximo” e insistiu combater ativamente o tráfico humano e recrutamento de menores.

“A Turquia é signatária dos principais tratados sobre os direitos da infância e seu histórico é claro e transparente”, concluiu o ministério.

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