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Israel ordena inquérito sobre tumulto fatal em festival religioso

Judeus ultraortodoxos reúnem-se no mausoléu de Shimon Bar Yochai, no Monte Meron, norte do território considerado Israel, 29 de abril de 2021 [Jalaa Marey/AFP via Getty Images]

O novo governo de Israel aprovou neste domingo (20) a abertura de um inquérito sobre um tumulto que matou 45 pessoas em abril, durante um evento de peregrinação judaica sob reiterados alertas contra aglomerações, emitidos pelas autoridades.

As informações são da agência Reuters.

Embora considerado o pior desastre civil do país, uma investigação de larga escala sobre os mortos e feridos no Monte Meron foi postergada pelo governo anterior de Benjamin Netanyahu, em meio a disputas entre judeus ultraortodoxos e políticos da oposição.

Projeção da bandeira israelense nos Muros da Cidade Velha de Jerusalém ocupada; Israel declara dia nacional de luto pelas vítimas do tumulto no Monte Meron, em 2 de maio de 2021 [Ahmad Gharabli/AFP via Getty Images]

O novo premiê Naftali Bennett decidiu então instaurar o inquérito, uma semana após sua posse, ao declarar na televisão: “[A comissão] não pode trazer de volta aqueles que se foram, mas o governo pode fazer de tudo para impedir futuras perdas desnecessárias”.

Um comunicado oficial reafirmou que as descobertas ajudarão a salvaguardar outros eventos de massa no país, tanto em lugares sagrados para o judaísmo quanto cristianismo e Islã.

Em 30 de abril, dezenas de milhares de judeus ultraortodoxos se reuniram no túmulo do rabino Shim Bar Yochai, do século II d.C., na encosta do Monte Meron, para o festival anual de Lag B’Omer, que inclui canções, danças e orações ao longo da noite.

O número de participantes caiu nos últimos anos; ainda assim, ultrapassou todos os limites determinados por medidas de contenção contra o covid-19.

Alguns israelenses questionaram a relutância da polícia e do governo em coibir a aglomeração de pessoas, por influência política de líderes ultraortodoxos.

Durante a cerimônia, parte da multidão correu para dentro de um túnel estreito e 45 homens e crianças morreram pisoteados e asfixiados.

A polícia e a agência de vigilância do governo israelense — que há anos alerta para o risco do evento — abriram investigações próprias; porém, sem responsabilidade penal.

LEIA: Colonos israelenses se reuniram perto do Portão de Damasco para um festival religioso

Netanyahu prometeu um inquérito abrangente sobre o episódio, mas seu gabinete — que incluía ministros ultraortodoxos — jamais agiu formalmente. Menos de duas semanas depois, Israel lançou sua campanha de bombardeios contra Gaza.

Bennett é também religioso praticante, mas sua coalizão não abrange os partidos ultraortodoxos. Em seu comunicado, o atual premiê alegou que o evento em Monte Meron atrai judeus de “todos os setores”, uma alusão a outras denominações.

O Ministro da Defesa Benny Gantz, que pressionou pela abertura do inquérito, insistiu que as descobertas devem carregar um “pesado fardo”, que não pode ser ignorado.

 

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