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Biden suspende venda de armas a Arábia Saudita e Emirados

Presidente dos Estados Unidos Joe Biden em Wilmington, Delaware, 7 de novembro de 2020 [Tasos Katopodis/Getty Images]
Presidente dos Estados Unidos Joe Biden em Wilmington, Delaware, 7 de novembro de 2020 [Tasos Katopodis/Getty Images]

O governo dos Estados Unidos liderado por Joe Biden suspendeu temporariamente a venda de armas a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, em marcante decisão contra dois aliados do Golfo e contraponto ao tratamento preferencial conferido pelo ex-presidente Donald Trump.

Em coletiva de imprensa na Casa Branca, realizada ontem (27), o Secretário de Estado Antony Blinken anunciou a revisão dos compromissos conferidos pelo governo americano aos regimes árabes que normalizaram relações com Israel, apesar de manter o apoio aos acordos.

Em 2020, o governo Trump promoveu a normalização entre quatro países árabes e a ocupação israelense, a começar com Emirados Árabes Unidos (agosto), seguido por Bahrein, Sudão e mais recentemente Marrocos.

Em troca, os países receberam garantias de Washington sobre certas questões, como a compra de jatos de guerra F-35 pelos Emirados, remoção do Sudão da lista de estados terroristas e reconhecimento da soberania marroquina sobre o Saara Ocidental.

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Trump também manteve relações próximas com Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante saudita, ao permitir uma série de acordos militares com o país – maior importador de armas do mundo, cujo principal fornecedor são os Estados Unidos.

Sob a medida provisória de Biden, a venda histórica de cinquenta jatos de guerra F-35 a Abu Dhabi e outras vendas a Riad estão todas suspensas.

A decisão serve de resposta a apelos de ativistas e grupos de direitos humanos americanos e internacionais, para que Washington interrompa o comércio militar com o regime saudita, diante de abusos de direitos humanos e execução de dissidentes, além da guerra no Iêmen.

O Iêmen é disputado entre uma coalizão saudita, que inclui os Emirados Árabes Unidos, e o grupo rebelde houthi, com apoio do Irã, desde 2015.

A situação é descrita pela ONU como a pior crise humanitária do mundo, com mais de 80% da população – 24 milhões de pessoas – dependentes de ajuda para sobreviver.

Sob Trump, porém, ficou ainda mais difícil que a assistência humanitária chegasse ao Iêmen. Em seus últimos dias de mandato, o ex-presidente designou o movimento houthi como organização terrorista, deixando a Biden reivindicações para reverter a decisão.

Blinken abordou tais receios e prometeu revisar as sanções impostas ao grupo, perante alertas de consequências graves que podem levar à pior crise de fome do mundo em décadas.

O Secretário de Estado reconheceu que combatentes houthis cometeram atrocidades e crimes de guerra no Iêmen, mas alegou que Washington tem de priorizar medidas capazes de impedir uma maior catástrofe humanitária.

Na segunda-feira (25), Biden suspendeu algumas das sanções de Trump impostas contra os houthis e aprovou todos os acordos relativos ao grupo pelo período de um mês, como forma de tentar prevenir a iminente crise de fome no país assolado pela guerra.

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