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Houthis condenam plano dos EUA para designá-los ‘terroristas’

Mohammed Ali al-Houthi, líder dos chamados Comitês Revolucionários do Iêmen, em 6 de junho de 2017 [Wikipedia]
Mohammed Ali al-Houthi, líder dos chamados Comitês Revolucionários do Iêmen, em 6 de junho de 2017 [Wikipedia]

Mohammed Ali al-Houthi, figura de liderança do movimento iemenita houthi, condenou os planos dos Estados Unidos para designar o grupo como “organização terrorista internacional” e acusou Washington de ser a “verdadeira fonte do terrorismo”.

Dhaifullah al-Shami, porta-voz oficial do chamado Governo de Salvação Nacional, liderado pelos houthis, com sede na capital Sanaa, descreveu os Estados Unidos como principal agente e patrocinador do terrorismo internacional.

“A classificação americana não afetará nossas metas sociais ou militares, mas sim aumentará nossa força e determinação para confrontá-los”, declarou al-Shami.

Prosseguiu o oficial iemenita: “A decisão dos Estados Unidos não tem qualquer significado em campo, senão obstruir o caminho para encerrar a agressão saudita e prolongar a guerra, mas estamos prontos para o confronto”.

Al-Houthi, também membro do Conselho Político Supremo do Iêmen, condenou a iniciativa do da administração americana, às vésperas de deixar a Casa Branca, em sua página do Twitter: “As medidas do governo Trump e seu comportamento são de fato terroristas”.

“As políticas adotadas pelos Estados Unidos refletem uma crise de mentalidade, um fato condenável que nos reserva o direito de responder a qualquer designação”, concluiu.

O anúncio do governo americano em fim de mandato, liderado pelo ainda Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, requer aprovação do Congresso, mas já reuniu amplo repúdio de organizações humanitárias em campo, por prejudicar esforços humanitários diante da deterioração social e do risco de fome generalizada.

Afrah Nasser, pesquisadora para o Iêmen da organização internacional Human Rights Watch, declarou: “É brutal o que ocorre hoje contra os civis iemenitas. Não sei quanto sofrimento mais podem tolerar. A vida no país já é um inferno”.

“A designação terá consequências desastrosas sobre a já grave crise econômica e humanitária no Iêmen”, acrescentou Nasser. “Os Estados Unidos permanecem ao lado de forças sauditas e emiradenses que cometeram crimes de guerra no Iêmen, às vezes, com armas americanas”.

“[A decisão] agrega insulto ao crime de que a administração Trump – como presente de despedida a seus aliados no Golfo – agiria de modo tão dramático para garantir maiores prejuízos a ainda mais civis”, concluiu Nasser, no Twitter.

O Conselho de Refugiados da Noruega, que permanece ativo no Iêmen, afirmou que a designação poderá paralisar a capacidade das agências assistenciais de responder às necessidades humanitárias de milhões de iemenitas, em maioria dependentes de importações, para obter acesso fundamental a comida e medicamentos.

LEIA: EUA classificará os houthis do Iêmen como grupo terrorista, diz Pompeo

‘A designação dos houthis como organização terrorista é uma pena de morte a milhares de iemenitas’, declarou Chris Murphy, Senador pelo estado de Connecticut

Diplomatas americanos de alto escalão também enviaram uma carta a Pompeo, em apelo para abandonar planos “profundamente danosos” à segurança nacional americana. Entre os signatários, estão todos os ex-embaixadores dos Estados Unidos no Iêmen.

A carta argumenta que o movimento houthi efetivamente não corresponde aos critérios para ser definido como organização terrorista internacional.

Legisladores americanos exortaram o presidente eleito Joe Biden a revogar a decisão do presidente republicano. O senador democrata Chris Murphy descreveu a medida como “pena de morte a milhares de iemenitas”.

Em postagem no Twitter, destacou Murphy: “A medida cortará o envio de assistência humanitária, tornará quase impossível a negociação de paz e concederá poderes ao Irã. Biden deve reverter esta política, logo em seu primeiro dia”.

EUA planejam designar os houthis como grupo terrorista

Peter Salisbury, analista para o Iêmen do Grupo de Crise Internacional, explicou que a designação representa riscos de “punição coletiva” contra civis iemenitas. “Fazê-lo ameaça … precipitar a população à fome, com pouco efeito aos houthis, exceto aproximá-los do Irã”.

Enquanto isso, Saeed Khatibzadeh, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, alegou que a designação americana do grupo rebelde como terrorista reflete a “falência do governo dos Estados Unidos”, que prejudica a própria imagem do país.

Os houthis enfrentam uma coalizão liderada pela Arábia Saudita para manter o controle no Iêmen, no que parece ser uma guerra por procuração em nome de Teerã.

LEIA: Coalizão saudita ataca capital do Iêmen, em retaliação a supostos atentados houthis

No último domingo (10), o Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo afirmou que seu departamento pretende classificar o grupo e três de seus líderes – Abdul-Malik al-Houthi, Abdul-Khaliq Badr al-Din al-Houthi e Abdullah Yahya al-Hakim – como terroristas.

A designação está prevista para entrar em vigor a partir de 19 de janeiro, apenas um dia antes do fim do mandato do atual Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

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