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Família síria estabelece acampamento sobre ruínas romanas no noroeste do país

Sírios deslocados acampam em Baqirha, patrimônio da Unesco, em 1° de novembro de 2020 [Abdulaziz Ketaz/AFP/Getty Images]
Sírios deslocados acampam em Baqirha, patrimônio da Unesco, em 1° de novembro de 2020 [Abdulaziz Ketaz/AFP/Getty Images]

Uma família síria decidiu instalar sua nova casa sobre um templo romano antigo, no noroeste da Síria, a fim de evitar os campos de refugiados superlotados.

Abdelaziz al-Hassan, sua esposa e três filhos fugiram de Idlib após forças do regime de Bashar al-Assad e aliados intensificarem os ataques, ao longo de 2019. Entre dezembro de 2019 e março de 2020, um milhão de pessoas enfrentou deslocamento forçado devido à violência.

Sua casa agora é uma tenda entre os muros de Baqirha, patrimônio da Unesco. Outra tenda em frente ao local, com um varal improvisado, serve para lavar roupas. Há ainda dois painéis solares e um forno a lenha.

Diversos sírios deslocados decidiram se assentar entre as colunas e ruínas do império romano e bizantino. Muitos dos locais arqueológicos de fato foram danificados ou saqueados ao longo da guerra.

“Escolhi esse lugar porque oferece paz de espírito, longe dos campos superlotados e repletos de doenças”, declarou al-Hassan à rede AFP. Reiterou ainda que o local está seguro do coronavírus, questão bastante preocupante dentre os refugiados no noroeste da Síria.

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A região, uma das principais zonas de risco em todo o mundo, possui apenas 600 médicos para quatro milhões de habitantes – proporção de 1.4 para cada 10.000 pessoas.

Em agosto, o vírus enfim chegou à região, considerada último posto da oposição síria no país árabe. A princípio, as taxas de contágio e morte eram baixas, devido ao cerco e ao isolamento da área em relação ao resto do mundo.

Contudo, especialistas alertaram dos riscos porvir, diante da alta densidade demográfica nos campos e falta de saneamento básico e serviços de saúde, à medida que a guerra impede organizações humanitárias de operar na área.

Um surto de coronavírus em dez a vinte campos seria suficiente para sobrecarregar o sistema de saúde em questão de semanas.

Embora al-Hassan sinta-se relativamente protegido do vírus, há outros perigos sobre sua família: “Dois dias atrás, perto da entrada da tenda, matei uma víbora. Dia sim, dia não, tenho de matar um escorpião. Mas ainda não achamos nenhum lugar melhor que aqui”.

“Para onde mais podemos ir?”

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