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Governo de Bolsonaro festeja acordo do século e ignora posição palestina

Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante assinatura de acordos. Em 31 de março de 2019. [Alan Santos/PR]

Mais do que emitir uma nota, a mensagem do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Itamaraty, faz uma saudação ao plano de Donald Trump para o Oriente Médio, cumprimentado por sua visão pela “visão promissora” para solução do conflito Israel Palestina.

Apesar dos protestos palestinos ao Acordo do Século anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e das posições internacionais contra a proposta, a nota chama o acordo de “plano de paz e prosperidade … que visa a convivência pacífica e viável, tanto do ponto de vista de segurança quanto territorial e econômico, do Estado de Israel e de um Estado palestino.”

O Itamaraty chega a falar em nome dos palestinos e israelenses, ao dizer que o plano contempla suas aspirações, que seriam “a erradicação do terrorismo, a existência do Estado de Israel com segurança para sua população, o estabelecimento de um Estado palestino democrático e comprometido com a paz, a viabilidade territorial, e a criação das condições econômicas indispensáveis para uma grande elevação do bem-estar do povo palestino.”

A nota contrariou militares, assessores da área econômica e diplomatas, segundo a Folha de São Paulo. Sob anonimato, militares disseram ao jornal que “o Brasil deveria se manter distante de questões políticas do Oriente Médio” e que ” tomar partido dos EUA e de Israel no tema pode trazer riscos desnecessários tanto para a relação comercial com as nações árabes quanto para a segurança interna.”

No entanto, exortando “tanto israelenses quanto palestinos a considerar o plano com toda a seriedade e a iniciar negociações partindo das bases ali expostas ” o Itamaraty afirma no documento que o plano de Trump “se afigura compatível com os princípios constitucionais que regem a atuação externa do Brasil, notadamente a defesa da paz, o repúdio ao terrorismo e a autodeterminação dos povos.”

Segundo a Folha, a nota foi publicada após reunião de Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores , Eduardo Araújo, com o embaixador de Israel, Yossi Shelley, e para a qual militares e assessores econômicos não foram chamados.

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