Mais de 170 organizações humanitárias divulgaram nesta segunda-feira (30) uma nota conjunta para condenar o recém-imposto sistema israelense de distribuição de ajuda à população de Gaza, sob prerrogativas militares, ao advertir que o mecanismo força os civis a escolherem “entre a fome e a bala”.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
As ongs reivindicaram ação urgente da comunidade internacional para dar fim ao que descreveram como “um esquema mortal de distribuição”, para que seja restabelecida a coordenação prévia das Nações Unidas, junto a sociedade civil palestina e instituições como a Agência para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
Segundo o comunicado, o sistema israelense substituiu 400 postos de distribuição por apenas quatro localizações armadas, ao criar aglomeração e risco, incluindo frequentes disparos de armas de fogo.
Em apenas quatro semanas, o mecanismo matou mais de 500 pessoas, além de quatro mil feridas.
“Tais áreas se tornaram cenas de reiterados massacres, em flagrante desprezo pela lei humanitária internacional”, alertaram as ongs. “Crianças órfãs e tutores estão entre os mortos, com crianças feridas em mais da metade dos incidentes”.
O comunicado destacou a rápida degradação da crise humanitária em Gaza, em meio a epidemia de fome, escassez de combustível e falta de água limpa.
“O sistema humanitário segue deliberada e sistematicamente desmantelado pelo cerco e pelas restrições do governo de Israel, um bloqueio utilizado agora para justificar o fim de quase todas as operações em favor de uma alternativa militarizada e letal, que nem protege os civis, nem supre suas necessidades básicas”, enfatizou.
As organizações instaram Estados a rejeitarem apoio ou financiamento aos “esquemas militarizados de assistência”, ao instarem pleno acesso humanitário e cessar-fogo, além de responsabilização por todas as violações da lei internacional.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter seu genocídio em Gaza, com 56.500 mortos e dois milhões de desabrigados sob catástrofe de fome.
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Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.