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Lobby israelense incita democratas dos EUA a guerra contra o Irã

19 de junho de 2025, às 15h28

Logo da AIPAC durante conferência política em Washington [Andrew Harrer/Bloomberg via Getty Images]

O Comitê de Assuntos Públicos Israelo-Americano (AIPAC), principal grupo de lobby de Israel nos Estados Unidos, mobilizou uma nova campanha, particularmente agressiva, para pressionar deputados do Partido Democrata a reafirmar sua aliança com o Estado colonial e apoiar os ataques não-provocados ao Irã.

Ao passo que Israel amplia sua ofensiva regional, após 20 meses de genocídio em Gaza, com pesquisas indicando oposição do público americano a envolvimento na guerra, o AIPAC decidiu intimidar figuras públicas declarar apoio explicitamente ou “enfrentar as repercussões políticas”.

Segundo o site de notícias Drop, o grupo de lobby inundou os escritórios do legislativo com chamadas, e-mails e tópicos de imprensa, ao insistir que parlamentares usem uma linguagem específica — de cunho racista, belicista e colonial — sobre a narrativa frente ao Irã.

A campanha busca também sufocar a dissidência crescente entre eleitores democratas, muitos dos quais críticos às violações em Gaza e apreensivos com a possibilidade de o governo de Donald Trump ser arrastado a uma guerra em nome de Israel.

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De acordo com relatos, o AIPAC busca ainda superar o grupo de lobby sionista J Street, comparativamente moderado, que alega apoiar a diplomacia e a chamada solução de dois Estados. Conforme um assessor democrata: “Estão preocupados que o Congresso comece a favorecer a posição do J Street”.

Um deputado apontou receber mais de cem contatos do AIPAC, para intimidá-lo a uma postura mais firme pró-Israel, sob gestão de linguagem e comunicação de guerra.

Ao menos 28 membros democratas da Câmara emitiram notas compatíveis à narrativa e à linguagem promovida pelo AIPAC. Outros 35 expressaram apoio veemente a Israel, embora sem recorrer ao léxico preciso.

O AIPAC ressaltou ainda “respostas-modelo”, sobretudo dos conservadores democratas Greg Landsman, Mike Levin e George Whitesides.

Um pequeno número de democratas, contudo, não capitulou. Jack Reed, presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado, descreveu os ataques israelenses ao Irã como “escalada irresponsável’, ecoado por seu colega deputado Chris Murphy, que advertiu para a prerrogativa do legislativo em eventual declaração de guerra.

A oposição de base, neste contexto, cresce nos Estados Unidos, em meio a políticas do regime Trump que incitaram protestos de massa em todo o país nas últimas semanas. Segundo pesquisa, a maioria absoluta do público americano se opõe ao envolvimento na guerra, em particular diante do genocídio em curso na Faixa de Gaza.

A disparidade entre a percepção do público e a narrativa do AIPAC — e a subsequente representação política tanto no Capitólio quanto na Casa Branca — parecem tomar as ruas, incluindo grupos de judeus antissionistas em Nova York, na Califórnia e nos campi universitários de todo o país.

No entanto, o lobby do AIPAC — em nome de um governo estrangeiro, com bilhões de dólares financiando campanhas — sugere que o legislativo, ao menos por ora, siga com sua cumplicidade histórica para com as violações de Israel.

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