O envolvimento do Reino Unido em uma potencial guerra encabeçada pelos Estados Unidos contra o Irã, em nome de Israel, seria inconstitucional, reiterou Richard Hermer, procurador-geral britânico, ao premiê Keir Starmer, em análise oficial.
O alerta, divulgado pelo jornal The Telegraph, implica limitar a capacidade de Londres em apoiar uma intervenção armada, ao configurar um dilema político ao governo, sob pressão de Washington e do lobby sionista.
O público, no entanto, rejeita uma nova guerra, cuja narrativa e inconstitucionalidade parece remeter à invasão do Iraque.
Hermer, recém-nomeado procurador-geral, próximo ao primeiro-ministro trabalhista, insistiu em sua avaliação legal que ações britânicas devem ser rigorosamente restritas ao âmbito defensivo, em vez de ataque diretos contra o Irã.
O documento, redigido às pressas, coincide com especulações de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa ordenar ataques ao Estado persa, sob o pretexto de operações contra sítios nucleares, após a agressão israelense da sexta-feira passada (13) suspender negociações.
Rumores sugerem uso de bases anglo-americanas conjuntas no Oceano Índico — como Diego Garcia, no território das Ilhas Maurícias — para lançar bombardeiros em direção a Teerã. A ofensiva dependeria, em tese, de anuência britânica.
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Starmer é aliado ferrenho de Israel e costuma capitular às bravatas trumpistas; todavia, ignorar uma análise legal, bem como tramitação parlamentar, em apoio a um conflito unilateral pode prejudicar sua legitimidade em casa e no exterior.
Analistas já comparam Starmer com o ex-premiê Tony Blair, que aderiu às mentiras da gestão americana de George W. Bush ao coadunar com a invasão do Iraque em 2003 — uma ação ilegal conforme o direito internacional e a Carta das Nações Unidas.
Os ataques não-provocados de Israel ao Irã mataram ao menos 300 civis em menos de uma semana. A justificativa da ocupação israelense — “defesa” — não é aceita sob a lei internacional, incluindo as Convenções de Genebra.
O governo britânico, neste entremeio, parece medir palavras. “Queremos desescalar e não escalar”, disse um porta-voz.
David Lammy, ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, voou a Washington para uma bateria de “reuniões urgentes”. Seu colega da Defesa, John Healey, alegou analisar planos de contingência da Força Aérea britânica.
O governo Starmer autorizou envio adicional de seis jatos combatentes Typhoon a uma base no Chipre, além de anunciar preparativos para expandir sua presença no Golfo. As fontes, até o momento, negam decisões referentes à base de Diego Garcia.
Em meio a uma retórica inflamatória de Trump, bem como pressão do lobby sionista a governos ocidentais, Teerã prometeu resistir a qualquer agressão estrangeira.
Tensões no Oriente Médio seguem altas, com troca de disparos sem precedentes entre Irã e Israel. Não há sinais de desescalada até então.
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