Os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar os palestinos de Gaza e tomar controle à força do enclave “constituem crime de lesa-humanidade e reforçar a lei da selva em âmbito internacional”, advertiu nesta quarta-feira (5) Basem Naim, membro do gabinete político do grupo palestino Hamas.
“Por 15 meses, Netanyahu e seu governo fascista tentaram expulsar os residentes de Gaza e falharam em atingir esse objetivo diante da resiliência de nosso povo e de seu compromisso com sua terra e sua nação”, reiterou Naim.
“O que a ocupação [israelense] fracassou em fazer, nenhuma gestão americana ou potência internacional conseguirá fazê-lo”, acrescentou.
Gaza, prosseguiu Naim, demanda reconstrução urgente, após a destruição sistemática imposta pelos bombardeios indiscriminados de Israel. O problema, reafirmou o oficial, não é a presença dos palestinos nativos, “mas a contiguidade da ocupação e do cerco sufocante sobre Gaza, há mais de 17 anos, com apoio dos Estados Unidos”.
O político palestino reivindicou ainda ação urgente em escala regional e internacional para dar fim aos planos facciosos de Trump, incluindo expropriação do território para fins imobiliários.
LEIA: ‘Os EUA vão tomar Gaza’, diz Trump durante visita de Netanyahu
Naim alertou que quaisquer esforços para implementar os planos terão impacto certo na segurança e estabilidade de toda a região.
Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (4), ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Washington, Trump insistiu na tese de que Egito e Jordânia receberão cidadãos deslocados à força, ao prometer transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio”.
A propostas de Trump constituem limpeza étnica, crime de guerra e lesa-humanidade, conforme o direito internacional. Egito e Jordânia, junto a países da Europa, incluindo Reino Unido, França e Alemanha, rejeitaram a ideia.
Israel manteve ataques indiscriminados à população e infraestrutura civil da Faixa de Gaza entre 7 de outubro de 2023 e 19 de janeiro de 2025, quando entrou em vigor o acordo de cessar-fogo em curso.
No período, as ações israelenses — com apoio político e militar americano — deixaram 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem água, comida ou medicamentos — e destruição generalizada de prédios, escolas e hospitais.
Entre as fatalidades, ao menos 17.500 são crianças.
LEIA: Incitação e ação apontam para um genocídio ainda em curso
Netanyahu é foragido em 120 países, conforme mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, deferido em novembro de 2024. Estados Unidos e Israel, porém, são detratores da corte, negando-se a assinar seu estatuto fundador.
O Estado da ocupação israelense é também réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), corte-irmã em Haia, sob denúncia da África do Sul, ratificada em janeiro de 2024.