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Gantz ameaça deixar governo de Israel caso ultraortodoxos não lutem na guerra

Então líder da oposição e ex-ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, discursa no parlamento (Knesset) em Jerusalém ocupada, em 20 de março de 2023 [Gil Cohen-Magen/AFP via Getty Images]

Benny Gantz, contumaz adversário do premiê israelense Benjamin Netanyahu, integrado como ministro ao Gabinete de Guerra durante a crise em Gaza, ameaçou neste domingo (24) renunciar caso judeus ultraortodoxos permaneçam isentos do serviço militar.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Uma nova lei de recrutamento, confirmando a isenção, deve chegar ao legislativo (Knesset) nesta semana, à medida que a distensão da crise em Gaza acumula baixas e soma-se à crise sem precedentes de relações públicas do Estado de Israel.

“Não seremos membros do governo se a lei for aprovada em sua forma atual”, destacou Gantz à rádio militar Kan. “Nem eu, nem meus parceiros poderemos permanecer como parte do governo de emergência caso o Knesset ratifique essa legislação. Caso seja aprovada, prejudicará a união e segurança do Estado, sobretudo em tempos de guerra”.

Gantz se juntou ao governo de emergência de seu adversário eleitoral dias após ser deflagrado o genocídio em Gaza, embora evite ser associado à coalizão de extrema-direita que proporcionou a Netanyahu o retorno ao poder no final de 2022.

Yair Lapid, atual chefe da oposição israelense, também criticou a lei, ao considerá-la um reflexo do “pior governo da história do país”.

LEIA: ‘Mulheres em Gaza estão sendo estupradas e isso não está sendo denunciado ou investigado’

Judeus ultraortodoxos alegam se devotar a estudos religiosos para não servir ao exército colonial, apesar de anos de contenda política e eleitoral sobre a matéria.

O chefe dos rabinos sefarditas do país, Yitzhak Yosef, alertou neste mês que sua congregação deve deixar o país caso lhe seja imposta o recrutamento militar.

Segundo a legislação israelense, judeus educados em yeshivas (escolas religiosas) são isentos do serviço militar — obrigatório, no entanto, a todos os outros cidadãos radicados no país acima de 17 anos, incluindo homens e mulheres.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.

Entretanto, reportagens do jornal Haaretz mostraram que uma parcela considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de chefes militares de Israel para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.

Neste entremeio, o governo israelense enfrenta crise interna, sob protestos por uma troca de prisioneiros e contra medidas de austeridade adotadas como economia de guerra. Observadores alertam, no entanto, que Netanyahu nega um cessar-fogo por interesse próprio, apreensivo de que a queda de seu governo leve a sua prisão por corrupção.

Em Gaza, são 32.333 palestinos mortos e 74.694 feridos desde 7 de outubro, além de oito mil desaparecidos e dois milhões de pessoas desabrigadas pelas ações de Israel. Entre as fatalidades, são 13 mil crianças e quase nove mil mulheres.

Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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