A UNRWA “tornou-se a principal plataforma de assistência humanitária para mais de 2,2 milhões de pessoas em Gaza”, deixando-a “à beira do colapso”, alertou Philippe Lazzarini.
A agência, que foi criada para dar apoio aos refugiados palestinos até que haja uma solução política, está “mal” operando, disse o comissário-geral do órgão da ONU em uma carta publicada no X hoje.
“Se a UNRWA entrar em colapso, a assistência humanitária em Gaza também entrará em colapso”, alertou. “A situação humanitária agora é insustentável”.
“Esta semana, as forças militares israelenses instruíram as pessoas a se deslocarem mais para o sul, forçando a população de Gaza a ocupar um espaço cada vez menor. Os abrigos estão chocantemente superlotados, com alto risco de doenças epidêmicas.”
“Nesses espaços superlotados e insalubres, mais de 700 pessoas usam um único banheiro, as mulheres dão à luz (uma média de 25 por dia) e as pessoas cuidam de feridas abertas.”
A premissa do mandato da UNRWA – fornecer serviços aos refugiados da Palestina até que haja uma solução política – está em grande risco: sem abrigo seguro e ajuda, os civis em Gaza correm o risco de morrer ou serão forçados a ir para o Egito e outros lugares.
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“O deslocamento forçado para fora de Gaza pode acabar com as perspectivas da solução política que é intrínseca ao mandato da UNRWA, com graves riscos para a paz e a segurança regionais”, acrescentou.
“Nossos funcionários levam seus filhos para o trabalho para que saibam que estão seguros ou podem morrer juntos.”
“Nunca escrevi uma carta assim – prevendo a morte de minha equipe e o colapso do mandato que devo cumprir.”
Ele continuou pedindo “o fim da dizimação de Gaza e de seu povo”.
A UNRWA foi criada em 1949 por um mandato da ONU para atender aos refugiados palestinos na Jordânia, Líbano, Síria, Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém. Ela atende aproximadamente 5,9 milhões de refugiados palestinos.
Há anos, Israel vem fazendo lobby para que a UNRWA seja fechada, pois é a única agência da ONU que tem um mandato específico para cuidar das necessidades básicas dos refugiados palestinos. Se a agência deixar de existir, argumenta Israel, então a questão dos refugiados não deve mais existir, e o direito legítimo dos refugiados palestinos de retornar à sua terra será desnecessário. Israel tem negado esse direito de retorno desde o final da década de 1940, embora sua própria filiação à ONU tenha sido condicionada à permissão de retorno dos refugiados palestinos a seus lares e terras.
A UNRWA depende quase que inteiramente de doações voluntárias dos países membros da ONU, o que a torna extremamente vulnerável aos grupos de lobby pró-Israel que são influentes em várias capitais importantes.
A agência enfrentou graves dificuldades financeiras enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, estava no poder, pois seu governo interrompeu totalmente as doações em 2018. Embora alguns desses fundos tenham sido restabelecidos posteriormente, eles não conseguiram preencher a lacuna de financiamento.
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Os Emirados Árabes Unidos (EAU) então reduziram drasticamente seu financiamento do órgão em 2020. Sami Mshasha disse que os Emirados Árabes Unidos doaram US$ 51,8 milhões para a UNRWA em 2018 e novamente em 2019, mas em 2020 deram à agência apenas US$ 1 milhão. Isso aconteceu em um momento em que os EAU começaram a normalizar os laços com as autoridades de ocupação, assinando os chamados “Acordos de Abraão” em setembro do mesmo ano.
O Reino Unido também reduziu seus fundos para a UNRWA em mais da metade, de £ 42,5 milhões (US$ 57,2 milhões) em 2020 para £ 20,8 milhões (US$ 28 milhões) em 2021. O Reino Unido foi o terceiro maior doador geral para a UNRWA em 2020, mas os cortes o colocaram no segundo nível de contribuintes.
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