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Emissário saudita associa normalização com Israel ao paradigma ‘terra por paz’

Centenas de israelenses protestam contra a reforma judicial do premiê Benjamin Netanyahu entre Tel Aviv e Jerusalém, em 22 de julho de 2023 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Nayef al-Sudairi, primeiro embaixador saudita à Palestina, descreveu a fórmula de décadas de “terra por paz” como pilar à normalização de laços com Israel, ao sugerir que o reino não abandonou a causa palestina, segundo informações da agência Reuters.

Expectativas em torno de um acordo histórico mediado por Washington voltaram à tona na última semana, embora impasses prevaleçam — sobretudo, a causa palestina e o programa nuclear saudita. O regime linha-dura de Israel se nega a fazer concessões sobre a ocupação.

O enviado não-residente, nomeado em agosto, fez sua primeira visita a Ramallah, sede da Autoridade Palestina (AP), nesta terça-feira (26) — ocasião na qual também apresentou suas credenciais como “cônsul-geral de Jerusalém”.

O título causa atrito à medida que Israel reivindica toda a cidade ocupada ilegalmente como sua capital “eterna e indivisível”, ao rejeitar os apelos palestinos para que Jerusalém Oriental seja também sede de seu futuro Estado.

Conforme al-Sudairi, sua visita

reafirma que a causa e o povo da Palestina são de mais alta estima e importância e que, nos dias que virão, haverá cada vez mais chances de cooperação entre a Arábia Saudita e o Estado da Palestina.

Sobre a normalização, resumiu o diplomata: “É normal que as nações busquem estabilidade e paz”. No entanto, reiterou: “A Iniciativa de Paz Árabe, apresentada pela Arábia Saudita em 2002, é um pilar fundamental a qualquer eventual acordo”.

LEIA: ‘Cada dia mais perto’, diz bin Salman sobre normalização com Israel

A “iniciativa” citada é o paradigma adotado pela maior parte dos Estados árabes, sob o qual Israel terá reconhecimento panárabe caso ceda os territórios ocupados desde 1967, a fim de estabelecer ali um Estado palestino.

Israel busca acordos de normalização com regimes árabes sem, no entanto, desistir de sua anexação ilegal da Palestina histórica.

Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão capitalizaram a Israel em 2020, apesar das negociações com os palestinos continuarem congeladas há anos.

Preocupados com sua omissão nas negociações de 2020, promovidas pelo então presidente americano Donald Trump, políticos palestinos buscaram ser mais proativos na conversa com os sauditas.

Segundo nota divulgada pela agência Wafa, o presidente palestino Mahmoud Abbas insistiu que a visita de al-Sudairi “contribui para reforçar os laços entre os países e povos irmãos”.

Em contrapartida, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, insistiu à rádio Kan que qualquer acordo de normalização “terá de ter apoio da direita”, em alusão aos partidos ultranacionalistas e fundamentalistas que formam a coalizão de Netanyahu.

Netanyahu, por sua vez, alegou em discurso que as proezas militares e econômicas de Israel superam concessões territoriais, à medida que Estados árabes ainda temem o Irã. A versão, contudo, desconsidera a recente normalização entre Riad e Teerã, mediada pela China.

LEIA: Riad ‘não abandonará’ os palestinos em negociação com Israel, alegam oficiais

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