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MEMO lança ‘Our Vision for Liberation’, colaboração entre Ramzy Baroud e Ilan Pappé

O Monitor do Oriente Médio (MEMO) realizou na sexta-feira (10) o lançamento do livro “Our Vision for Liberation: Engaged Palestinian Leaders & Intellectuals Speak Out”, dos aclamados autores Ramzy Baroud e Ilan Pappé, no Centro Wellcome da cidade de Londres. O evento foi descrito como marco na luta do povo palestino pelo fim da ocupação.
Lançamento de seu livro ‘Our Vision for Liberation’, em Londres, Reino Unido, 10 de junho de 2022 [Emre Atli/Monitor do Oriente Médio]
Lançamento de seu livro ‘Our Vision for Liberation’, em Londres, Reino Unido, 10 de junho de 2022 [Emre Atli/Monitor do Oriente Médio]

No primeiro evento presencial do MEMO britânico em quase dois anos, devido à pandemia de covid-19, um painel de notáveis reuniu-se para debater o futuro da Palestina histórica a partir de uma perspectiva de base.

Após apresentação dos integrantes, o professor Ilan Pappé deu início à conversa. O conhecido historiador israelense afirmou que sua nova obra supera o retrato presente da perseguição do povo palestino para concentrar-se em uma visão ampla sobre o futuro da causa.

Ao observar que o livro compreende relatos de resistência e coragem, Pappé expressou fé no fim da ocupação sionista, após quase um século de colonização, perseguição e limpeza étnica impostas ao povo palestino.

Ramzy Baroud – jornalista palestino-americano e editor do Palestine Chronicle – ecoou a crença de seu coautor e comoveu-se ao relembrar sua juventude em um campo de refugiados na Faixa de Gaza, onde testemunhou em primeira mão os crimes de guerra perpetrados por Israel.

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Baroud mencionou o envolvimento de seu pai no movimento socialista da Palestina e recordou como taxistas de Gaza costumavam propagar rumores de exércitos inteiros que viriam salvar o território costeiro, na esperança de que suas histórias se tornassem realidade. “Há entusiasmo e solidariedade, mas não há combatentes a caminho”, destacou Baroud.

Baroud observou também que muitos líderes do movimento de resistência Hamas foram seus colegas durante seus anos de formação e que cabe aos palestinos – jamais a forças externas – escolher seus representantes. Baroud argumentou ainda que o escrutínio posto aos grupos de resistência e suas ideologias são matérias acadêmicas, que não parecem alcançar os palestinos em campo. A resistência antecede em muito o advento do Hamas, do Fatah e de suas divisões faccionárias, reafirmou o articulista do MEMO.

Baroud concluiu ao denunciar a pressão ocidental por domar a narrativa palestina, em nome de um “processo de paz” em lugar da resistência – legítima em todas as suas modalidades sob a lei internacional. “Os palestinos foram removidos da conversa e seu destino foi cedido a um grupo de homens absolutamente corruptos”, acrescentou.

Jan Chalmers – enfermeira da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Faixa de Gaza, em 1969 e 1970; responsável por fundar o Projeto de Tapeçaria Histórica da Palestina, em 2011 – relembrou sua juventude e sua aproximação à causa palestina.

Jehan Alfarra – jornalista do MEMO e copresidente executiva do Projeto de Tapeçaria Histórica da Palestina – abordou seus primeiros anos em Gaza e sua emigração aos Estados Unidos, para concluir seus estudos. Alfarra reiterou que a ocupação sionista busca impor uma fragmentação da população nativa. Além disso, recordou sua experiência sob bloqueio militar – sobretudo no que concerne o acesso a água e bens essenciais.

Segundo Alfarra, os palestinos da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e da diáspora enfrentam as mais diversas tribulações, mas compartilham da mesma luta.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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