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França, UE e Índia se opõem ao Dia Internacional de Combate à Islamofobia

Manifestantes seguram uma placa que diz "Islamofobia não é liberdade" do lado de fora da Embaixada da França em Londres, em 25 de agosto de 2016 [Justin Tallis/AFP via Getty Images]

A França, a União Europeia (UE) e a Índia se opuseram à decisão de declarar 15 de março o Dia Internacional de Combate à Islamofobia, data adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

Na terça-feira, membros da Assembleia Geral adotaram uma resolução proposta pelo Paquistão para marcar o dia 15 de março, aniversário do ataque de 2019 a duas mesquitas na Nova Zelândia que deixou 51 muçulmanos mortos, como o Dia Internacional de Combate à Islamofobia.

Cinquenta e cinco países de maioria muçulmana apoiaram a resolução na Organização de Cooperação Islâmica (OCI), com sede em Riad, incluindo Arábia Saudita, Irã, Egito, Turquia, Catar, Síria, Argélia, Marrocos e muitos outros países do Golfo e do Norte da África.

O Middle East Eye da Grã-Bretanha declarou: “Representantes da França e da Índia, que também enfrentaram acusações de islamofobia por suas próprias comunidades muçulmanas, falaram contra a resolução, embora nenhum se oponha à sua adoção por consenso”.

Nicolas de Rivière, representante permanente da França na ONU, descreveu a resolução como “insatisfatória” e “problemática”, dizendo à Assembleia Geral da ONU que seu país apoia a proteção de todas as religiões e crenças.

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A autoridade francesa acrescentou: “O termo islamofobia não tem uma definição consensual no direito internacional, ao contrário da liberdade de religião ou convicção. Mas é essa liberdade que a França defende, assim como todas as outras liberdades públicas, como a liberdade de expressão ou convicção”, divulgou o Middle East Eye.

A UE, um bloco de 27 países europeus com status de observador permanente na ONU, ecoou as preocupações de Riviere, mas não teve direito a voto.

Em comunicado à Assembleia Geral, a UE expressou sua preocupação com a multiplicidade de dias internacionais e disse que o foco na islamofobia era uma “repetição desnecessária” depois que, em 2019, a ONU adotou 22 de agosto como o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Atos de Violência baseado na religião ou crença.

“Estamos preocupados com a abordagem de tratar apenas uma religião por meio de uma iniciativa da Assembleia Geral”, expressou a declaração da UE.

A esse respeito, o Middle East Eye informou que Rayan Freschi, pesquisador do Cage, um grupo de direitos humanos que promove comunidades muçulmanas afetadas por políticas de combate ao terrorismo, disse que o protesto da França à resolução da ONU “não é surpresa”.

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Em discurso na Assembleia Geral da ONU, o representante permanente da Índia, T.S. Tirumurti, também pediu a condenação da “fobia religiosa”, em vez de destacar a islamofobia, referindo-se à discriminação contra hindus, siques e budistas.

Saudando a resolução emitida na quarta-feira, o secretário-geral da OIC, Hussein Ibrahim Taha, compartilhou sua opinião de que a resolução “fortalecerá a consciência global da ameaça de ódio e intolerância contra os muçulmanos”.

Em 15 de março de 2019, a cidade neozelandesa de Christchurch testemunhou um terrível massacre, com um ataque armado aos fiéis nas mesquitas de Al-Noor e Linwood.

Segundo dados oficiais, o massacre, que o autor transmitiu ao vivo em sua página no Facebook, resultou no assassinato de 51 pessoas e nos ferimentos de outras 49.

O australiano Brenton Tarrant, um supremacista branco, foi acusado de assassinato e sentenciado em agosto passado à prisão perpétua.

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