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Minha resposta aos ataques de sionistas que não representam os judeus humanistas do Brasil. Parte II

A jornalista Lucia Helena Issa com a refugiada palestina Maryam K. em um campo com mais de 13 000 refugiados no Líbano. [Arquivo pessoal]
  • Sionistas brasileiros seguem com as agressões e tentativas de calar não apenas a mim, mas a vários outros jornalistas latino-americanos, exatamente como sionistas tem feito há décadas em Israel contra jornalistas que documentam os bombardeios a escolas e hospitais, os assassinatos cometidos por extremistas judeus que queimam vivos bebês e famílias inteiras como aconteceu em Duma, o crescente tráfico de pessoas em Israel, os abusos imorais do exército israelense. Não por acaso Israel tem sido denunciado há anos pelos Repórteres Sem Fronteiras por torturar crianças e cegar jornalistas palestinos (pesquisem sobre isso), e hoje ocupa a vergonhosa posição de número 86 em um ranking sobre a liberdade de imprensa em 170 países.
  • Em uma entrevista com ataques a mim, sionistas cariocas afirmam que eu seria “antissemita”  porque critiquei o Estado de Israel e o chamei de Estado “doente” por já ter matado milhares de crianças palestinas, por alimentar a impunidade de grupos de extremistas judeus (como o “ Price Tag” ou  o Poder Judaico, ou o Jovens da Colina, todos amplamente conhecidos como extremistas e assassinos), mas a verdade é que judeus humanistas das mais diferentes etnias e das mais diferentes cidades do mundo, de Roma a Joanesburgo, também têm rejeitado veemente o assassinato sistemático de crianças e mulheres palestinas, os crimes do Estado de Israel e autoproclamação de Israel como um Estado exclusivamente judeu, mesmo tendo milhões de palestinos muçulmanos e cristãos vivendo sob suas leis, o que foi considerado apartheid pelas maiores organizações de direitos humanos do mundo, como a Anistia Internacional e a Humans Rights Watch.

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  • O escritor  israelense Schlomo Sand, por exemplo, tem afirmado reiteradas vezes que “ Israel se transformou em um barril de pólvora prestes a explodir e não vai conhecer a paz enquanto não houver uma verdadeira pressão internacional sobre o Estado de Israel para salvar Israel de si mesmo e do sionismo (…) Sim, exatamente como os nazistas, os sionistas consideram a identidade judaica como uma etnia e mesmo às vezes com bases raciais. É algo tribal e racista que venceu porque os sionistas definem o Estado israelense não como o Estado de todos os cidadãos, mas apenas dos cidadãos judeus (…) Na Universidade de Tel Aviv há laboratórios que pesquisam desesperadamente o DNA judeu para provar que os judeus são um povo-raça, o que é absolutamente falso”.
  • Sionistas incitaram seus seguidores a me atacarem por eu ter dito que o sionismo é um primo do nazismo. Centenas de antropólogos e escritores já afirmaram e provaram isso, e o brilhante escritor judeu Schlomo Sand também explica como os sionistas e nazistas têm argumentos muito parecidos hoje. “ Aos olhos do antissemita não se deixa de ser judeu porque para ele isso é uma coisa racial e não se pode deixar de pertencer a uma raça. Aos olhos do sionista é a mesma coisa. Recebi muitas cartas de sionistas que me diziam ser impossível deixar de ser judeu e que ser judeu está no sangue. São argumentos idênticos aos do nazismo (…)Vivo num Estado que se define como “Estado Judaico”. Ora, um quarto da população não é considerada judia e não pode tornar-se judia, senão pela conversão. Como sou um cidadão de um Estado que se define como judaico, sou um cidadão privilegiado, porque o Estado não pertence aos seus cidadãos muçulmanos, nem aos cristãos. Como minhas origens são judaicas, isto é, sou descendente de pessoas que sofreram muito tempo essa política segregacionista que perseguiu os judeus, não quero ser judeu em um Estado Judaico. Se esse Estado fosse de todos os cidadãos israelenses, eu não teria escrito meus livros (…)No momento em que compreendi que faço parte de um clube exclusivo que não pode receber novos membros, decidi que não quero pertencer a um clube exclusivo em pleno século XXI. Em Israel, a menção “judeu” vem inscrita na carteira de identidade. “Em Israel e no estrangeiro, os sionistas do início do século XXI rejeitam o princípio da nacionalidade israelense para somente admitir uma nacionalidade, a judia” (…)Cada vez mais, tenho a impressão de que sob certos aspectos Hitler saiu vitorioso da Segunda Guerra Mundial”. 
  • Foi exatamente isso que eu senti em Israel, ao descobrir que as palavras “ judeu”, “cristão” e “muçulmano” estavam escritas na carteira de identidade das pessoas ali, e que, como cristã, várias rodovias do país eram proibidas para mim e para milhares de cristãos palestinos! Se isso não for, irrefutavelmente, uma lei inspirada no nazismo e na de 1933, não sei o que mais poderia ser.
  • O gigante José Saramago, autor de Ensaio sobre a Cegueira, que também expressou inúmeras críticas ao sionismo e sua semelhança com o nazismo, recebeu retaliações do Estado israelense, que lhe fechou as portas a partir daquele momento. Uma jornalista israelense chegou a perguntar a Saramago onde estavam as câmaras de gás em Israel. Para mim, a pergunta soou quase uma triste confissão de que essa era a última trincheira em que poderia refugiar-se para falar sobre as diferenças entre sionismo e nazismo.
  • A limpeza étnica que o sionismo realiza contra os palestinos é muito semelhante à limpeza étnica que o nazismo realizou nos anos de 1930 contra os judeus, quando ainda não era claro que o objetivo final seria exterminar a todos. O nazismo utilizava sobretudo três estratégias para incentivar a fuga de judeus da Alemanha: leis de exclusão de judeus em estradas, escolas , rodovias, etc. A imensa violência física e opressão cotidiana, expulsão de suas casas e trabalhos, assassinatos durante manifestações pacíficas, empobrecimento da população através confisco de casas. O que o sionismo faz hoje contra os palestinos em seu território é exatamente isso e todos os que acompanham sites de notícias e canais internacionais de TV têm visto isso cotidianamente.
  • É surpreendente que dois sionistas ligados profundamente a Israel nunca tenham lido sobre a comparação entre sionismo e nazismo, pois Inúmeros intelectuais judeus e cristãos têm comparado os dois regimes e também explicado como o sionismo sequestrou a dor do Holocausto para tentar calar qualquer jornalista que critique a impunidade e os crimes cometidos em ou por Israel.
  • O imenso escritor judeu americano, Norman Filkestein, escreve sobre isso no livro “ A indústria do Holocausto” , denunciando os sionistas que sequestram A imensa dor Holocausto para processar, silenciar, ameaçar, constranger, e assassinar reputações de jornalistas e escritores do mundo todo hoje.
  • A própria “lei do regresso de judeus”, foi comparada às leis de Nuremberg por vários intelectuais israelenses. A lei é assustadoramente idêntica à lei alemã que permitia que um alemão nascido fora do país e que nunca houvesse conhecido a Alemanha pudesse ter o direito de se instalar em uma casa alemã, expulsando pela violência as pessoas judias que ali houvessem nascido e construído suas vidas.  Como qualquer pessoa que tenha visto as expulsões cotidianas de Israel contra famílias palestinas em Jerusalém, tiradas de suas casas à força por extremistas judeus, através de leis “ raciais”, sinto arrepios  ao constatar como o sionismo transformou os assentamentos ilegais e a expulsões de palestinos em um monumento póstumo de homenagem ao nazismo. Testemunhei pessoalmente cenas assim nas quatro vezes em que estive em Jerusalém. Os colonos extremistas judeus não apenas agridem mulheres e crianças palestinas durante as expulsões, mas f oram capazes de verbalizar calmamente, em uma pequena entrevista que fiz com um deles, que “os palestinos devem ser expulsos para qualquer país árabe, e que deveriam adoecer e morrer como piolhos“, usando a expressão do ex-ministro sionista e criminoso, Rehavam Zeevi. Nada na Terra poderia mais parecido com os nazistas que agiam em Berlim em 1933 do que isso. Os checkpoint israelenses, espalhados por todo o país, como eu descobriria bem cedo, impedem mulheres e crianças palestinas de chegar em tempo a um hospital, e muitas delas já morreram ali, em meio ao nada, dando à luz uma criança, ou de doenças banais, que poderiam ser curadas facilmente se elas não tivessem sido impedidas de acessar um centro de saúde.
  • Uma das provas irrefutáveis das semelhanças entre o sionismo e o nazismo pode ser ouvida hoje também através das vozes dos jovens” refuseniks” , israelenses que se recusam a servir o exército de e que têm sido presos pelo governo sionista por “desobediência civil”. São milhares de jovens, como me disse um deles, que não querem “ agir como soldados nazistas que esmagaram a Intifada do gueto de Varsóvia e massacraram nossos avós”. Não apenas eles, mas também jovens que fundaram a ONG “Breaking The Silence” , denunciando os crimes do IDF, o Exército de Israel, têm gravado imagens e escrito sobre as semelhanças assustadoras entre as duas forças militares.

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* Os sionistas afirmaram na entrevista de mais de uma hora de ataques a mim que eu teria “ inventado” máfias judaicas. A máfia Zwi Migdal , cuja existência é amplamente comprovada nos sites de grandes universidades, dos maiores jornais do mundo, etc, é chamada de máfia judaica em todas as teses de mestrado de hoje e nos relatórios policiais de ontem porque Israel foi fundado apenas em !948 e, portanto, não existia quando os criminosos começaram a traficar e a enganar as jovens polacas para o Rio de Janeiro, fato amplamente comprovado e conhecido.

*  Os maiores sites jornalísticos do mundo e de Israel hoje, como o Haaretz, também já fizeram centenas de matérias que comprovam a existência de máfias israelenses hoje no tráfico de mulheres e milhares de reportagens sobre como agia a antiga máfia do tráfico de mulheres, a Zwi MIgdal, no Brasil, na Argentina e em dezenas de outros países.

.* Um sionista que serviu ao Exército de Israel, um dos mais violentos e mais denunciados do mundo,  tem orgulho de se declarar um “ sionista”. Mas o fato é que o sionismo foi considerado “ um sistema de racismo” pela ONU em abril de1975, mas o lobby de EUA e Israel conseguiu derrubar a resolução da, ainda que, para a imensa maioria dos países que formam a ONU o sionismo seja, claramente, uma forma de apartheid e racismo.

* Esse senhor e seus asseclas afirmaram que eu generalizei milhões de judeus e que eu disse que todos eram “criminosos”. Não há nada de mais mentiroso do que isso, a não ser as próprias  acusações de sionistas como ele contra todos os jornalistas e organizações de direitos humanos do mundo que denunciam os assassinatos de crianças palestinas, a tortura e a prisão ilegal de crianças, e são chamadas desavergonhadamente por Israel de “ antissemitas”, como aconteceu novamente há poucos dias com a Anistia Internacional, que divulgou um relatório afirmando que Israel é , de fato, um regime de apartheid.

Não apenas eu não fiz generalização alguma na entrevista como afirmei várias vezes que “ existem judeus maravilhosos e judeus criminosos”, assim como existem cristãos maravilhosos e cristãos criminosos.  O que eu questionei e questiono todos os dias é por que a religião de um criminoso só é escrita numa matéria quando ele é muçulmano e nunca quando ele é um cristão ou um judeu. Terroristas cristãos, como o norueguês Andrés Breivick, que se intitulava um “ novo cruzado” e assassinou mais de 70 jovens em uma ilha da Noruega, porque os jovens ajudavam e acolhiam refugiados muçulmanos, foi tratado pela imprensa mundial como “ lobo solitário”, um “ supremacista”, um “ homem com problemas mentais”, etc.  Andrés Breivck não é um lobo solitário, é um terrorista cristão. Jim Jones foi um terrorista cristão. Os extremistas judeus que queimaram vivo um bebê palestino em Duma, que mataram quase toda a sua família são terroristas judeus, assim como era um terrorista o extremista que judeu cometeu um massacre em Hebron, na Tumba dos Patriarcas, matando de forma cruel mais de 20 palestinos muçulmanos. Assim como era um terrorista cristão o homem que cometeu o massacre nas duas mesquitas da Nova Zelândia.

Precisamos, sim, ter coragem de afirmar que existem terroristas e estupradores de todas as religiões, inclusive judeus e cristãos, precisamos promover a tolerância e o respeito a todas religiões. Não podemos mais alimentar o ódio aos muçulmanos de forma tão covarde. Não podemos mais dar um outro nome aos mesmos crimes de pedofilia e assassinato, apenas porque o autor do crime não é muçulmano, mas cristão ou judeu. Um empresário brasileiro de religião judaica, Samuel Klein, que estuprou centenas de meninas de 12 e 13 anos, que aliciou meninas de 9 anos, que destruiu a autoestima e o futuro de centenas delas, assim como já o fizeram homens cristãos do mundo todo, tem de ser chamado pelo que é, um pedófilo de religião judaica, assim como “ João de Deus” tem de ser definido como um abusador sexual de religião espirita. E um abusador sexual hindu tem de ser chamado pelo que é também. Ou usamos a religião em todos os casos ou não a usamos em nenhum. O que questionei é por que a religião, na grande maioria dos casos só é citada quando o criminoso ou terrorista é muçulmano, gerando islamofobia e ódio no mundo todo, e não quando o criminoso é um judeu ou um cristão e por que estamos alimentando o ódio contra os muçulmanos de maneira tão covarde.

.  * Esses senhores afirmam também que a minha entrevista é prova de “antissemitismo” porque eu disse que existem alguns judeus envolvidos no tráfico de mulheres, e afirmo que Samuel Klein, um empresário que estuprou e prostituiu centenas de meninas brasileiras, destruindo seu futuro e autoestima, era judeu. Isso é um fato, assim como existem milhares de cristãos envolvidos em crimes sexuais no Brasil, assim como existem abusadores sexuais muçulmanos e milhares de abusadores sexuais na minha própria Igreja Católica. Há poucos dias, um artigo meu denunciando osabusos morais e sexuais do grupo católico Arautos do Evangelho, foi publicado em vários sites de notícias do Brasil, inclusive no Brasil 247 e no site britânico Middle East Monitor, onde sou colunista.

* Por escrever também sobre os crimes e os abusos sexuais cometidos por membros de minha própria religião, eu seria, pela lógica desses sujeitos, uma “ cristofóbica”.  Nada mais falso. Sou católica e voluntária da Pastoral de Rua há mais de 10 anos, luto contra a imensa injustiça social que devasta o meu país, e o fato de pertencer à religião católica, jamais me impediu de escrever contra religiosos que sequestram o lindo legado de Cristo para alimentar sectarismos, abusos sexuais, injustiças e impunidade.

*O assassinato de Kelly Fernanda Martins, que deu origem à novela Salve Jorge, pela rede de mafiosos israelenses e judeus de origem russa em Tel Aviv, a existência dessa rede, tudo isso é amplamente documentado, com imenso e farto material de pesquisa nos sites dos maiores jornais do mundo, e foi tema de várias matérias no Brasil, inclusive da TV Globo, que a partir desses crimes, passou a falar sobre isso em 1998, 2001, 2002 e 2012, ano em que a novela foi ao ar.

*Os sionistas descobriram há poucos dias no Brasil que muitos judeus antissionistas não apoiam a forma como Israel tem protegido criminosos poderosos, escreveram notas e posts de solidariedade a mim, repudiando os ataques de entidades sionistas a essa jornalista. Jornalistas, atores e intelectuais judeus não-sionistas de toda a América Latina, aos quais serei grata para sempre, me emocionaram ao fazerem uma linda Nota de Solidariedade, publicada em vários sites, e intitulada “ Pessoas judias da América Latina se solidarizam com a jornalista Lucia Helena Issa e repudiam os ataques feitos a ela”. Os sujeitos também afirmam em sua entrevista que eu menti ao dizer que “Israel se tornou um paraíso judicial para pedófilos “. Não, senhores, quem afirma isso em centenas de reportagens que podem ser encontradas no Google, são a Interpol, os delegados norte-americanos, juízes de vários países e os advogados do respeitado grupo Advocay Group, que já publicaram até mesmo no jornal israelense Haaretz uma artigo revelando  que homens judeus, condenados em seus países por pedofilia, estão  obtendo a cidadania israelense apenas por se declararem judeus, estão fugindo para Israel, causando um fenômeno de impunidade em série que tem sido denunciado no mundo todo. Ou esses sionistas não leem sequer os jornais israelenses, ou são manipuladores.

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Por fim, reafirmo que é assustador e imensamente imoral o fato de sionistas brasileiros estarem trazendo ao Brasil a intimidação, as ameaças e os assassinatos de reputações que ocorrem em Israel contra centenas de correspondentes estrangeiros que investigam e denunciam os crimes cometidos em ou por Israel.  Esse país tornou-se, para milhares de observadores internacionais, um regime de apartheid e de limpeza étnica reconhecido oficialmente pela Anistia Internacional, pela Humans Rights Watch, pela organização humanitária israelense Bet’Selem,  por relatores individuais da ONU que foram ameaçados por Israel, e também por imensos escritores judeus como Illan Pappé.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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Palestina: quatro mil anos de história
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