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Blair ordenou queimar documento que previa ilegalidade da guerra no Iraque, confirma ministro

Verdades aterradoras sobre a decisão do premiê britânico Tony Blair de invadir o Iraque foram reveladas por seu Secretário da Defesa, Geoff Hoon, em um novo livro de memórias que expõe ordens para queimar um memorando que questionava a legalidade da guerra.

Hoon serviu ao cargo por seis anos, até 2005, e concedeu um relato detalhado de como o governo britânico encobriu violações e informações falsas.

Segundo o ex-ministro, Blair assinou um “pacto de sangue” com o Presidente dos Estados Unidos George Bush, para apoiar a guerra, um ano antes de sua deflagração em 2003.

Em sua biografia, Hoon relatou surpresa ao receber ordens para destruir um documento secreto do procurador-geral Peter Goldsmith, o qual contestava a legalidade da guerra. Dias antes da invasão militar, no entanto, Goldsmith mudou de opinião e avalizou o conflito.

Desde então, a súbita reviravolta na postura do procurador alimenta controvérsias no país. Em 2016, quando o relatório Chilcot sobre a guerra emitiu um veredito devastador sobre a participação britânica, emergiram novas dúvidas sobre a atitude adotada por Goldsmith.

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Artista satírico Kaya Mar mostra um retrato do ex-premiê britânico Tony Blair envolto em uma bandeira dos Estados Unidos, durante protesto perto do local de publicação do relatório sobre a guerra no Iraque, em Londres, 6 de julho de 2016 [BEN STANSALL/AFP via Getty Images]

No ano anterior, rumores da destruição do documento secreto foram repudiados por Blair como “absurdos”. Não obstante, o relato detalhado do Secretário da Defesa é difícil de negar.

Hoon afirma ter sido ordenado por Jonathan Powell, chefe de gabinete do premiê, “em termos absolutamente diretos”, a queimar o documento logo após a leitura. O então ministro recorda o alarde entre seus funcionários, que decidiram trancafiar o memorando em um cofre.

As denúncias devem alimentar apelos para revogar a condição de cavalaria conferida a Blair pela monarquia britânica. Mais de 700 mil pessoas assinaram uma petição para tanto.

A petição acusa o ex-premiê de executar ou promover crimes de guerra, ao “ser responsável direto pela morte de inúmeros inocentes, incluindo civis e soldados, em diversos conflitos”.

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