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Ex-presidente do Afeganistão defende decisão de fugir após a tomada do Talibã

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, faz breves comentários durante uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Dr. Abdullah Abdullah, presidente do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, no Salão Oval da Casa Branca, em 25 de junho de 2021, em Washington [Pete Marovich-Pool/Getty Images]
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, faz breves comentários durante uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Dr. Abdullah Abdullah, presidente do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, no Salão Oval da Casa Branca, em 25 de junho de 2021, em Washington [Pete Marovich-Pool/Getty Images]

Ashraf Ghani, ex-presidente do Afeganistão, defendeu na quinta-feira sua decisão de fugir do país quando o Talibã assumiu a capital, Cabul, em meados de agosto.

Em entrevista à BBC News, Ashraf Ghani disse que não pretendia deixar o Afeganistão, mas reiterou que sua saída repentina salvou Cabul da morte e da destruição, informou a Agência Anadolu.

“Duas facções diferentes do Talibã estavam se aproximando de duas direções diferentes”, disse Ghani, descrevendo o momento em que foi informado do avanço do Talibã sobre a capital.

“E a possibilidade de um conflito massivo entre eles que destruiria a cidade de 5 milhões e causaria estragos às pessoas era enorme.”

Ghani explicou que inicialmente planejava deixar Cabul para outra cidade, mas, ao ouvir notícias da queda de outras cidades, decidiu que a única opção viável era sair do Afeganistão.

Ele também foi avisado por seu chefe de segurança de que uma resistência em Cabul significaria a morte certa para Ghani, seus conselheiros próximos e milhões de residentes da capital.

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“Ele não me deu mais de dois minutos. Minhas instruções foram para me preparar para partir para Khost. Ele me disse que Khost havia caído e Jalalabad também”, disse Ghani.

“Eu não sabia para onde iríamos. Somente quando decolamos, ficou claro que estávamos saindo (do Afeganistão). Então, isso realmente foi repentino.”

O ex-presidente foi duramente criticado por fugir e abandonar o Afeganistão, com o ex-vice-presidente Amrullah Saleh chamando sua partida de “vergonhosa”.

Acusações de peculato também foram feitas contra Ghani.

Ele já havia rejeitado o que disse serem “alegações infundadas” de que ele escapou de Cabul “com milhões de dólares pertencentes ao povo afegão”.

“Quero afirmar categoricamente que não tirei nenhum dinheiro do país. Meu estilo de vida é conhecido por todos. O que eu faria com o dinheiro?”, indagou o ex-presidente.

Ghani aceitou que erros foram cometidos durante sua administração, mas colocou a maior parte da culpa na comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, a quem acusou de marginalizar seu governo durante as negociações com o Talibã.

Um processo de paz iniciado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump permitiu que os EUA se retirassem do Afeganistão e abriu o caminho para uma transição de poder.

A saída dos EUA, no entanto, foi acelerada pelo governo Biden este ano, dando ao Talibã a chance de varrer o país em questão de semanas após uma insurgência de duas décadas contra as forças internacionais lideradas por Washington.

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