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Cannes: Cineasta brasileiro explora suas origens argelinas e é aplaudido por 15 minutos

Cena do filme “Marinheiro das Montanhas”, de Karim Aïnouz [Divulgação/Festival de Cannes]
Cena do filme “Marinheiro das Montanhas”, de Karim Aïnouz [Divulgação/Festival de Cannes]

O novo documentário do diretor brasileiro Karim Aïnouz, “Marinheiro das Montanhas”, foi aplaudido por quinze minutos após sua exibição na mostra Sessão Especial do Festival de Cannes nesta sexta-feira (9). O filme é um diário de viagem sobre a jornada de Aïnouz, que decide atravessar o Mediterrâneo de barco em direção ao vilarejo natal de seu pai, no interior da Argélia.

Após os aplausos,  o cineasta breasileiro de origem argelina, discursou sobre situação no Brasil,  protestando contra as ações do governo federal e o fracasso no combate à covid-19.

“Não posso deixar de lembrar que, enquanto estou aqui celebrando com vocês, milhares de brasileiros estão morrendo por absoluto descaso desse governo fascista na condução da pandemia. A democracia brasileira respira por aparelhos, parece que falar do Brasil de hoje é falar de um ente querido que está entre a vida e a morte”, afirmou Karim Aïnouz.“O mundo precisa agir urgentemente para frear esse governo cuja maior especialidade é destruir e matar deliberadamente. Hoje, o cinema brasileiro e sua imensa cadeia produtiva enfrentam o desafio de sobreviver nesse cenário.”

Depois do filme, equipes de quatro filmes brasileiros que participam de Cannes se juntaram ao palco e foram aplaudidos ao exibir uma faixa que dizia “Brasil: 530.000 mortos. Fora, gângster genocida”.

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“Marinheiro das Montanhas” mostra a primeira viagem de Karim ao país de seu pai, onde ele entrelaça passado, presente e futuro, refletindo sobre a guerra de independência argelina, suas memórias de infância e o contraste entre região de seu pai, a Cabília, e a cidade natal dele e sua mãe, Fortaleza.  Com a câmera e a memória de sua mãe, Iracema, que morreu em 2015, ele revisita o relacionamento e separação de seus pais, mostrando sua jornada pessoal através da ligação entre Brasil e Argélia; dois países de “amor, revolução e fracasso”, segundo Karim.

“‘Marinheiro das Montanhas’ é um filme íntimo, talvez seja o meu primeiro filme. O filme que sempre sonhei em fazer e que só consegui realizar muitos anos depois”, disse o diretor antes da exibição. “Essa história de amor entre os meus pais habitou meu imaginário desde que eu me entendo por gente e de alguma forma transformá-la em filme foi o que me levou para o cinema”

O diretor foi premiado em 2019 como o melhor filme da mostra Um Certo Olhar por “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”. Em 2002, ele participou da mesma mostra com o seu primeiro longa “Madame Satã”.

 

Cena do filme “Marinheiro das Montanhas”, de Karim Aïnouz [Divulgação/Festival de Cannes]

Cena do filme “Marinheiro das Montanhas”, de Karim Aïnouz [Divulgação/Festival de Cannes]

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