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Egito é o maior comprador de sistemas de armas da Itália, diz rede pela paz

Milhares de estudantes italianos protestam contra venda de armas ao Egito em Bolonha, Itália em 17 de fevereiro de 2020 [Roberto Serra/ Iguana Press / Getty Images]
Milhares de estudantes italianos protestam contra venda de armas ao Egito em Bolonha, Itália em 17 de fevereiro de 2020 [Roberto Serra/ Iguana Press / Getty Images]

Pelo segundo ano consecutivo, o Egito é o principal comprador de sistemas de armas exportados por empresas militares italianas, revelou ontem a Rede Italiana para a Paz e o Desarmamento.

“O comércio de armas com o governo autoritário [Abde Fattah] Al-Sisi, portanto, continua florescendo, apesar das graves violações dos direitos humanos e da falta de cooperação nos casos [Giulio] Regeni e [Patrick George] Zaki”, disse a rede.

Regeni, um estudante de pós-graduação de 28 anos da Universidade de Cambridge, desapareceu no Cairo em 25 de janeiro de 2016. Nove dias depois, seu corpo foi encontrado abandonado em uma estrada nos subúrbios do Cairo. Um exame post-mortem indicou que ele havia sido torturado antes de sua morte. O Egito paralisou os esforços para responsabilizar as autoridades pela morte de Regeni, apesar da pressão de organizações de direitos humanos e sua família.

O pesquisador egípcio Patrick Zaki foi preso ao chegar ao Egito em 7 de fevereiro de 2020 e, desde então, aguarda julgamento sob a acusação de espalhar notícias falsas, incitar protestos e tentar derrubar o regime.

De acordo com a rede, “durante 2020, o montante total de novas autorizações emitidas para a exportação de equipamento militar atingiu € 3.927 milhões US[$ 4.760 milhões] em valor, uma queda acentuada (-25%) em relação ao total de 2019.”

No entanto, afirma a rede, “é preciso lembrar que 2020 foi o ‘ano da pandemia’, com um impacto muito forte na economia do país, que, no entanto, não parece ter sobrecarregado o setor militar”.

LEIA: Itália bloqueia venda de armas para Arábia Saudita e Emirados Árabes

Os países europeus têm sido amplamente criticados por colocar dinheiro acima dos direitos humanos quando se trata de relações com o Egito. Os investimentos da gigante petrolífera italiana Eni no país do norte da África giram em torno de US$ 13 bilhões. Em 2018, o comércio entre a Itália e o Egito atingiu US$ 7,2 bilhões.

Vários observadores apontaram que o Egito está comprando um grande número de armas italianas para compensar o assassinato de Regeni, e que a Itália está usando a pressão política como alavanca para garantir melhores negócios.

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