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Acadêmicos judeus do Canadá opõem-se à definição da IHRA de antissemitismo

Protesto contra a definição de antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), que busca criminalizar movimentos legítimos de boicote ao apartheid israelense, em 4 de setembro de 2018 [Jack Taylor/Getty Images]
Protesto contra a definição de antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), que busca criminalizar movimentos legítimos de boicote ao apartheid israelense, em 4 de setembro de 2018 [Jack Taylor/Getty Images]

Sob cada vez mais receios do mau uso do conceito de antissemitismo por ávidos militantes sionistas, docentes judeus em universidades canadenses declararam sua oposição à definição de racismo antijudaico da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA).

Um comunicado assinado por mais de 150 professores judeus expressou “profunda preocupação” sobre o conceito adotado pela IHRA, ao denunciar o lobby perpetrado nos campi para intimidar e silenciar a liberdade de expressão nas universidades.

Os acadêmicos também desmentiram acusações de que a campanha internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) seja antissemita.

“Somamos nossa voz a um movimento internacional crescente de estudiosos judeus para que as políticas universitárias de combate ao antissemitismo não sejam utilizadas para sufocar críticas legítimas a Israel ou o direito à solidariedade com o povo palestino”, declarou a nota.

“Reconhecemos que o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções é legítimo, como forma não-violenta de protesto”, prosseguiu. “Embora nem todos nós apoiamos a campanha de BDS, repudiamos equipará-la ao endosso ao antissemitismo”.

Ao alertar contra o lobby nos campi, o comunicado denunciou o documento da IHRA como “enquadramento vago e preocupante sobre antissemitismo”, ao apontar que sete de seus onze exemplos vinculam o racismo antijudaico a críticas legítimas ao estado sionista.

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Nas universidades onde a definição da IHRA foi adotada, “esta foi usada para intimidar e silenciar o trabalho de sindicatos, grupos estudantis, departamentos e associações docentes comprometidos com liberdade, igualdade e justiça para o povo palestino”, reiterou a nota.

“Adotar um quadro gravemente falho para enfrentar o antissemitismo é anti-ético perante a busca por justiça e tolerância no cerne da carta de princípios de muitas universidades”.

“A liberdade para criticar as políticas e práticas de qualquer estado, sem exceção, incluindo o Estado de Israel, é central à vida acadêmica e à educação”, concluiu o comunicado. “Acreditamos ser central também à construção de uma academia cada vez mais justa”.

Os acadêmicos canadenses juntam-se a um número crescente de personalidades e instituições judaicas em todo o mundo, incluindo Kenneth Stern, um dos autores da definição original, que alertam para o uso do conceito de antissemitismo da IHRA como arma política.

Na última semana, mais de duzentos especialistas e professores judeus emitiram uma nova definição para combater o antissemitismo, ao descrevê-la como esforço para tratar de diversos aspectos preocupantes presentes no documento da IHRA.

Um artigo dos professores Neve Gordon e Mark LeVine questionou ainda se dois dos mais célebres pensadores judeus na história moderna, Albert Einstein e Hannah Arendt, eram antissemitas. Ao destacar como “absurdo”, o texto indica que ambos seriam assim rotulados pela controversa definição.

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