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Arábia Saudita força empresas a encerrar investimentos na Turquia

Átrio de antiguidades, com diversas lojas de bens tradicionais, em Istambul, Turquia, 30 de março de 2014 [Miguel Virkkunen Carvalho/Flickr]
Átrio de antiguidades, com diversas lojas de bens tradicionais, em Istambul, Turquia, 30 de março de 2014 [Miguel Virkkunen Carvalho/Flickr]

Comerciantes sauditas que importam produtos da Turquia à monarquia recentemente assinaram termos de compromisso junto do Ministério de Comércio da Arábia Saudita para deixar de importar bens turcos, denunciou no domingo (27) a conta no Twitter Mujtahidd.

O ministério convocou os comerciantes a uma audiência, além de abrir inquérito sobre suas atividades. Então, foi requisitado às empresas sauditas que interrompam toda a importação de bens da Turquia.

Em outro tuíte, a conta notória por denúncias sobre o governo saudita, relatou: “Aqueles que possuem grandes investimentos na Turquia foram forçados a autorizar terceiros a vendê-los e então repassar o dinheiro ao reino … Foram impedidos de deixar o país; quem recusou-se, foi preso.”

“Os investidores com mais sorte, que estavam no exterior, perderam suas propriedades no país [Arábia Saudita]. Alguns tentaram vendê-las antes da expropriação, a baixo preço”, prosseguiu.

Tais relatos confirmam informações publicadas pelo jornal turco Cumhuriyet, que advertiu previamente sobre intenções sauditas de cortar todas as relações econômicas com a Turquia.

No decorrer dos últimos anos, relações entre Turquia e alguns estados do Golfo, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, se deterioraram, em particular, devido a diferenças em política externa.

A Turquia apoia parte da oposição na Síria e o governo reconhecido pela ONU na Líbia, por exemplo. Arábia Saudita e aliados regionais possuem relações mais amistosas com o regime sírio de Bashar al-Assad e apoiam o general renegado Khalifa Haftar, no norte da Líbia.

Outra questão de atrito entre Ancara e Riad ainda é o assassinato do jornalista exilado Jamal Khashoogi, em outubro de 2018. Khashoggi foi morto dentro do consulado saudita em Istambul; seu corpo não foi recuperado.

A Arábia Saudita nega qualquer responsabilidade oficial sobre o crime, ao alegar operação clandestina. A Turquia, porém, apresentou evidências de que o crime foi ordenado diretamente por Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita.

LEIA: Turquia investiga morte “suspeita” de jornalista russo-americano

Em setembro, a Turquia impôs julgamento a vinte suspeitos do assassinato, que participaram do esquadrão saudita que executou Khashoogi.

Outros exemplos são bastante triviais. O príncipe saudita Faisal Bin Bandar Bin Abdulaziz recusou-se a beber café turco, em ocasião pública, em 2019. Posteriormente, o príncipe Abdullah Bin Sultan Al Saud fez um apelo por boicote contra Ancara, até que a Turquia “reveja suas políticas em relação ao reino”.

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