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FBI deve juntar-se a inquérito sobre explosão em Beirute, afirma representante dos EUA

Edifícios completamente destruídos são inspecionados por voluntários após enorme explosão no porto de Beirute, capital do Líbano, 6 de agosto de 2020 [Mahmut Geldi/Agência Anadolu]
Edifícios completamente destruídos são inspecionados por voluntários após enorme explosão no porto de Beirute, capital do Líbano, 6 de agosto de 2020 [Mahmut Geldi/Agência Anadolu]

Nesta quinta-feira (13), David Hale, subsecretário dos Estados Unidos para Assuntos Políticos, afirmou que o Departamento Federal de Investigação (FBI) deverá juntar-se a um inquérito sobre a enorme explosão no porto de Beirute, capital do Líbano, na última semana.

As informações são da agência Reuters.

Hale reivindicou mudanças estruturais no Líbano, a fim de “garantir que algo do tipo jamais volte a acontecer.” Em visita a um bairro destruído em Beirute, reiterou ainda que o país árabe precisa de “reformas fiscais e econômicas, além de dar fim à governança disfuncional e a promessas vazias.”

A explosão em Beirute resultou em mais de 200 mortos, 6.000 feridos e cerca de 300.000 desabrigados por toda a cidade. O Líbano já sofria com o grave colapso financeiro, além da pandemia de coronavírus. Em torno de 30 a 40 pessoas ainda estão desaparecidas.

LEIA: Protestos em Beirute persistem após renúncia do governo

Autoridades alegaram que as explosões ocorridas na região portuária, em 4 de agosto, decorreram de um enorme depósito de nitrato de amônio, armazenado por anos, sem qualquer medida de segurança.

“O FBI deverá juntar-se logo a investigadores libaneses e internacionais, a convite do Líbano, para ajudar a responder as questões sobre as circunstâncias que levaram à explosão”, declarou Hale.

O Presidente do Líbano Michel Aoun afirmou que a investigação deverá analisar se a causa do desastre foi negligência, acidente ou possível “interferência externa”. Aoun solicitou ainda imagens de satélite da França para contribuir com a apuração.

Uma embarcação da Marinha Real do Reino Unido foi encaminhada a Beirute para analisar o local das explosões.

Também nesta quinta-feira, um especialista de estudos sismológicos de Israel reportou que a explosão foi precedida por uma série de detonações, a última das quais foi representada pela combustão de fogos de artifício, registrada em vídeo.

Rachas entre facções

Autoridades libanesas estimaram perdas no valor de US$15 bilhões decorrentes da explosão, conta que o país não pode pagar. O Líbano já deixou de pagar sua enorme dívida pública, em março último. Negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) não chegaram a lugar algum.

Auxílio humanitário foi enviado ao país, mas os países doadores já deixaram claro que não concederão recursos ao Líbano, diante do colapso econômico, a menos que reformas significativas abordem a corrupção e o desperdício do estado.

Hale, o terceiro diplomata em ordem de importância nos Estados Unidos, anunciou que o governo em Washington poderá apoiar qualquer novo governo, desde que “reflita a vontade do povo” e implemente reformas.

As consequências imediatas da explosão forçaram todo o gabinete de governo libanês a renunciar, no início da semana.

Entretanto, qualquer consenso para compor um novo governo poderá ser reiteradamente desencorajado, em um país com graves rachas entre facções e um sistema político sectário estabelecido para compartilhar o poder.

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A indignação popular escalou cada vez mais, contra uma elite política que governa há décadas. Segundo muitos libaneses, a culpa de todos os suplícios que assolam o país recai sobre ela.

O governo, agora em exercício, foi estabelecido em janeiro último, com apoio de diversos partidos políticos, incluindo o grupo xiita Hezbollah, que possui um braço militar pesadamente armado. Junto de seus aliados, ainda possuem a maioria dos assentos no parlamento.

Os Estados Unidos consideram o Hezbollah, ligado ao Irã, como grupo terrorista. O Ministro de Relações Exteriores do Irã Mohammad Javad Zarif pousou em Beirute, na noite de quinta-feira, segundo informações da imprensa local.

Forças de segurança foram empregadas pesadamente em Beirute, também na quinta-feira, para impedir os manifestantes de chegar à sessão legislativa.

“São todos criminosos, são eles que causaram essa catástrofe, essa explosão”, denunciou a manifestante Lina Boubess, de 60 anos de idade. “Não bastava roubar nosso dinheiro, nossas vidas, nossos sonhos e os sonhos de nossos filhos? O que mais temos a perder?”

O parlamento libanês aprovou uma decisão governamental para declarar estado de emergência no país. Ativistas condenam a medida como tentativa de reprimir qualquer dissidência ou oposição.

Não obstante, foram confirmados pedidos de renúncia de oito parlamentares, logo após a explosão.

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