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Catar propõe 60 dias de cessar-fogo e troca de prisioneiros, reporta mídia israelense

2 de julho de 2025, às 12h06

Residentes e equipes de defesa civil realizam operações de resgate entre os escombros deixados por ataques de Israel ao campo de refugiados de Khan Yunis, no sul de Gaza, em 1º de julho de 2025 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

O Catar submeteu uma nova proposta a Israel incluindo troca de prisioneiros e 60 dias de cessar-fogo na Faixa de Gaza, reportou nesta terça-feira (1º) a imprensa israelense, de acordo com informações da agência Anadolu.

A rádio militar israelense Kan, ao citar duas fontes diplomáticas não-identificadas, disse que a proposta insta a soltura de oito prisioneiros de guerra israelenses no primeiro dia de trégua. Outros dois prisioneiros serão liberados no 50º dia.

O plano prevê ainda o retorno dos restos mortais de 18 israelenses — mortos ao longo dos bombardeios indiscriminados de Israel — em três lotes distintos, embora não haja cronograma divulgado até então.

Os termos se assemelham a um plano prévio de Steve Witkoff, enviado do governo dos Estados Unidos de Donald Trump ao Oriente Médio.

Ainda nesta terça, Trump expressou otimismo sobre um acordo iminente: “Esperamos que aconteça, em algum momento da próxima semana”. A previsão pode coincidir com a visita do premiê israelense Benjamin Netanyahu a Washington.

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Trump alegou ainda que Tel Aviv consentiu com “condições necessárias” para finalizar o acordo, em postagem em sua rede social Truth. Segundo o presidente, Egito e Catar — parceiros de mediação — entregarão a “proposta final” ao Hamas.

Porém, reiterou: “Espero, pelo bem do Oriente Médio, que o Hamas aceite este acordo, porque não vai conseguir nada melhor — SÓ VAI TER COISA PIOR”.

Autoridades cataris, no entanto, não comentaram as informações até o momento.

Segundo a Kan, fontes próximas das negociações indiretas Hamas–Israel notaram que divergências cruciais prevalecem, sobretudo condições para o fim da guerra e extensão da retirada das tropas da ocupação israelense.

Críticos acusam Netanyahu de procrastinar um cessar-fogo em causa própria, a fim de evitar o colapso de seu governo e sua eventual prisão por corrupção em três processos em curso.

O movimento palestino Hamas, de sua parte, tem reiterado disposição de negociações, mas condiciona sua assinatura à soltura de presos políticos palestinos e retirada total das tropas israelenses de Gaza — condições rechaçadas por Netanyahu.

Israel estima que 50 colonos continuam em Gaza, vinte dos quais vivos. Em contraste, ao menos 10.400 palestinos seguem encarcerados pela ocupação, sob abusos, tortura, fome e negligência médica — muitos dos quais sem sequer acusação.

O Estado israelense ignora apelos internacionais por cessar-fogo ao manter ataques a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 56.600 mortos e 134.500 feridos, além de dois milhões de desabrigados submetidos a uma catástrofe de fome.

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Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.