O Catar submeteu uma nova proposta a Israel incluindo troca de prisioneiros e 60 dias de cessar-fogo na Faixa de Gaza, reportou nesta terça-feira (1º) a imprensa israelense, de acordo com informações da agência Anadolu.
A rádio militar israelense Kan, ao citar duas fontes diplomáticas não-identificadas, disse que a proposta insta a soltura de oito prisioneiros de guerra israelenses no primeiro dia de trégua. Outros dois prisioneiros serão liberados no 50º dia.
O plano prevê ainda o retorno dos restos mortais de 18 israelenses — mortos ao longo dos bombardeios indiscriminados de Israel — em três lotes distintos, embora não haja cronograma divulgado até então.
Os termos se assemelham a um plano prévio de Steve Witkoff, enviado do governo dos Estados Unidos de Donald Trump ao Oriente Médio.
Ainda nesta terça, Trump expressou otimismo sobre um acordo iminente: “Esperamos que aconteça, em algum momento da próxima semana”. A previsão pode coincidir com a visita do premiê israelense Benjamin Netanyahu a Washington.
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Trump alegou ainda que Tel Aviv consentiu com “condições necessárias” para finalizar o acordo, em postagem em sua rede social Truth. Segundo o presidente, Egito e Catar — parceiros de mediação — entregarão a “proposta final” ao Hamas.
Porém, reiterou: “Espero, pelo bem do Oriente Médio, que o Hamas aceite este acordo, porque não vai conseguir nada melhor — SÓ VAI TER COISA PIOR”.
Autoridades cataris, no entanto, não comentaram as informações até o momento.
Segundo a Kan, fontes próximas das negociações indiretas Hamas–Israel notaram que divergências cruciais prevalecem, sobretudo condições para o fim da guerra e extensão da retirada das tropas da ocupação israelense.
Críticos acusam Netanyahu de procrastinar um cessar-fogo em causa própria, a fim de evitar o colapso de seu governo e sua eventual prisão por corrupção em três processos em curso.
O movimento palestino Hamas, de sua parte, tem reiterado disposição de negociações, mas condiciona sua assinatura à soltura de presos políticos palestinos e retirada total das tropas israelenses de Gaza — condições rechaçadas por Netanyahu.
Israel estima que 50 colonos continuam em Gaza, vinte dos quais vivos. Em contraste, ao menos 10.400 palestinos seguem encarcerados pela ocupação, sob abusos, tortura, fome e negligência médica — muitos dos quais sem sequer acusação.
O Estado israelense ignora apelos internacionais por cessar-fogo ao manter ataques a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 56.600 mortos e 134.500 feridos, além de dois milhões de desabrigados submetidos a uma catástrofe de fome.
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Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.