O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, sugeriu nesta quinta-feira (19) a prisão de qualquer pessoa que assista à emissora de televisão da rede Al Jazeera, com cobertura 24 horas sobre o conflito com Irã e o genocídio em Gaza.
Para o político supremacista, o noticiário impõe uma “ameaça” à segurança de Israel.
Ben-Gvir pediu derrubada dos canais da Al Jazeera no país, ao declarar: “Não podemos permitir que a Al Jazeera transmita em Israel. É um risco à segurança nacional. Peço ao público que denuncie todos que assistam a este canal”.
Para Ezzat al-Rishq, chefe de imprensa do movimento palestino Hamas, os comentários de Ben-Gvir, incluindo acusações infundadas a equipes de mídia, refletem “confusão e medo entre os líderes fascistas da ocupação israelense”.
Al-Rishq atribuiu os receios à exposição de debilidades internas, após ataques iranianos romperem as onerosas barreiras de defesa na última semana.
Segundo o assessor, a incitação à perseguição de Ben-Gvir ao equiparar livre jornalismo com “ameaça de segurança” revela a “falência moral da ocupação”.
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Forças da ocupação invadiram redações da Al Jazeera em várias ocasiões, ao fecharem escritórios, confiscarem equipamentos e prenderem jornalistas.
O apelo se soma a décadas de violações israelenses contra o trabalho de imprensa.
Ao longo do genocídio em Gaza, em curso há 620 dias, forças da ocupação mataram ao menos 179 repórteres e cinegrafistas, conforme os dados disponíveis do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Equipes de mídia seguem ainda proibidas de entrar em Gaza sem aval e censura de Tel Aviv e, portanto, documentar devidamente os crimes israelenses.
Entre as vítimas, estão dezenas de trabalhadores da rede Al Jazeera. Em maio de 2022, antes de eclodir a crise em Gaza, um franco-atirador israelense executou a âncora da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, durante cobertura em Jenin, na Cisjordânia.
Nesta quarta-feira (18), o general Kobi Mandelblit, censor-chefe do exército israelense, ordenou processo penal contra cidadãos e agências que distribuam materiais sobre os ataques iranianos, zonas atingidas e mesmo número de baixas.
A medida inclui redes sociais, blogs, chats, entre outros meios não-especificados.
Segundo fontes militares, um dos “casos mais sérios” envolveu a circulação de notícias sobre um míssil balístico iraniano que atingiu o complexo industrial de Bazan, principal refinaria de petróleo do Estado colonial, na região de Haifa.
Fontes legais confirmaram que a ordem proporciona às autoridades novas ferramentas para acossar infratores, sob o pretexto de segurança.
O Estado da ocupação israelense trata comunicação como parte crucial de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como do direito do público a transparência e informação.
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