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Maioria dos britânicos se opõe a guerra em Gaza, apoiam prisão de Netanyahu

20 de junho de 2025, às 10h36

Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na sede do governo, em Londres, em 11 de junho de 2025 [Rasid Necati Aslim/Agência Anadolu]

Uma pesquisa da agência YouGov, encomendada pela ong Action for Humanity e pelo Centro Internacional por Justiça para os Palestinos, revelou que a maioria dos cidadãos britânicos se opõe à campanha israelense em Gaza, com uma porção considerável que considera genocídio.

As informações são da rede de notícias Anadolu.

Segundo o estudo, cerca de 55% do público rechaça as operações em Gaza, contra 15% favoráveis. Entre a primeira amostra, cerca de 82% compreendem as ações israelenses como genocídio — totalizando 45% dos cidadãos adultos.

Este ponto de vista é particularmente marcante entre eleitores trabalhistas. Daqueles que votaram em Keir Starmer, primeiro-ministro, nas eleições de 2024, 68% rejeitam as ações de Israel e 59% denunciam genocídio.

A pesquisa notou também amplo apoio do público geral à aplicação de medidas legais das instituições internacionais.

Quase dois terços (65%) dos britânicos creem que seu governo deve prender o premiê israelense Benjamin Netanyahu, caso visite o país, ao cumprir o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitido em novembro.

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Entre o eleitorado trabalhista, o apoio à prisão de Netanyahu chega a 78%, com apenas 5% contrários.

Os dados corroboraram ainda apoio ao estabelecimento de um Estado palestino, com 30% dos britânicos reivindicando o reconhecimento contra 10% contrários. Para 19%, o reconhecimento deve ocorrer “no momento certo”.

Entre os governistas, 43% apoiam reconhecimento imediato e 21% reconhecimento em um momento posterior. Apenas 2% dos trabalhistas se opõem à medida.

Respostas humanitárias à crise em Gaza também detêm forte apoio. Uma proposta de visto humanitário para os palestinos, similar aos refugiados da Ucrânia, tem adesão de 56% dos trabalhistas, comparado a 27% contrários.

Othman Moqbel, diretor da Action for Humanity, reiterou: “Apesar da desinformação, a fim de encobrir os crimes de guerra conduzidos por Israel em Gaza, o público britânico não se deixa enganar”.

“Esta pesquisa revela que o fracasso do governo em reconhecer a escala dos crimes a serem impostos contra Gaza não apenas os coloca do lado errado da história, como do lado errado do que é correto hoje”, acrescentou.

Jonathan Purcell, do Centro Internacional por Justiça para os Palestinos, advertiu: “Este estudo mostra o que bem sabemos: o governo britânico está fora de qualquer sintonia com aqueles que deveria representar; e o Partido Trabalhista é ainda mais dissonante para com seus eleitores”.

Oposição à cumplicidade ocidental tem demonstrado tendência gradativa em diversos países, em particular no contexto de apreensões humanitárias. Em Gaza, ao menos 55 55 mil pessoas foram mortas por Israel, em maioria mulheres e crianças.

Israel renovou seu cerco absoluto a Gaza — sem comida, água ou medicamentos — em março, após rescindir unilateralmente um acordo de cessar-fogo firmado em janeiro. O enclave, desde então, vive uma reiterada catástrofe de fome.

Os bombardeios israelenses — incluindo a hospitais, zonas de distribuição humanitária e abrigos aos deslocados— infringem medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Tel Aviv é réu por genocídio.

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