A hipocrisia e a inação da União Europeia e de seus Estados-Membros têm permitido que Israel continue livremente o massacre de palestinos em Gaza com total impunidade, afirmou Médicos Sem Fronteiras (MSF) em uma entrevista coletiva realizada hoje (16/06) em Bruxelas
MSF apela para que a ajuda humanitária imparcial e baseada em necessidades reais seja facilitada em larga escala para a Faixa de Gaza, que os civis sejam protegidos e que um cessar-fogo sustentado e imediato seja restabelecido. Os governos europeus devem agir com firmeza para que isso possa acontecer o quanto antes.
A guerra em Gaza é uma das mais hediondas, mortais e implacáveis já travadas contra um povo em nosso tempo. É um massacre orquestrado do povo palestino. É uma limpeza étnica intencional.”
-Christopher Lockyear, secretário-geral de MSF
Há mais de 20 meses, as autoridades e forças israelenses têm conduzido uma ação militar brutal, incluindo deslocamentos forçados em larga escala e limpeza étnica, contra os palestinos em Gaza.
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Diariamente, nossas equipes têm testemunhado padrões consistentes com genocídio, por meio de ações deliberadas das forças israelenses – incluindo assassinatos em massa, destruição de infraestrutura civil vital e bloqueios que sufocam o acesso a alimentos, água, medicamentos e outros suprimentos humanitários essenciais.

Israel está sistematicamente destruindo as condições necessárias para a vida palestina. Casas, hospitais, mercados, redes de água, estradas e redes elétricas de Gaza foram destruídos não por negligência, mas por intenção deliberada.
A União Europeia (UE) e os governos europeus possuem os meios políticos, econômicos e diplomáticos para exercer pressão real para que Israel cesse os ataques e abra as passagens de fronteira de Gaza para permitir o fluxo de ajuda humanitária sem impedimentos. Esses não são instrumentos teóricos – eles podem ser mobilizados de forma eficaz para defender o direito internacional e proteger os civis.
No entanto, até o momento, a UE e seus Estados-Membros parecem ter abdicado da liderança política que permitiria tomar essa atitude. Pior ainda, declarações recentes feitas por Estados europeus, criticando a condução da guerra, deixam ainda mais clara sua hipocrisia, pois eles continuam fornecendo as armas usadas para matar, mutilar e queimar pessoas que acabam em nossos hospitais.
Publicado originalmente em Médicos Sem Fronteiras – MSF