A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu nesta segunda-feira (16) que a Faixa de Gaza sitiada vive uma crise crescente da saúde materna, em meio a escassez crítica de insumos médicos e combustível, informou a agência Anadolu.
“O Fundo para Populações das Nações Unidas reporta que mães gestantes vivem hoje com apenas uma fração de alimento que precisam para sobreviver”, destacou o porta-voz da ONU Farhan Haq, em nova coletiva de imprensa.
“Um número crescente de mães sofre de desnutrição”, prosseguiu Haq. “Uma em cada três gestantes vive gravidez de alto risco em um contexto no qual metade dos remédios essenciais para saúde materna não estão mais em estoque”.
Sobre combustível, Haq notou “níveis criticamente baixos”, sobretudo diesel no sul de Gaza, fundamental para operar tanto sistemas de água quanto infraestrutura de saúde ainda remanescente no enclave.
“Hoje, mais outra vez, as autoridades israelenses negaram uma tentativa de coordenar a coleta de suprimentos combustíveis de Rafah”, reportou Haq.
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Ao citar o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Haq anteviu que “atividades humanitárias, bancárias e de comunicação devem cessar muito em breve, a menos que o suprimento de combustível seja retomado ou que as Nações Unidas tenham aval das autoridades israelenses para resgatar estoques disponíveis de áreas que requerem coordenação”.
Segundo Haq, sete dos 17 pedidos de coordenação da ONU encaminhados na segunda-feira foram indeferidos, incluindo missões críticas como “caminhões-pipa e remoção de dejetos sólidos”.
Por mais de cem dias, Israel impede a entrada de materiais básicos, mesmo itens para conter a crise nos abrigos superlotados dos deslocados internos.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo ao manter o genocídio em Gaza, há mais de 600 dias, com 55 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — corte-irmã que julga Estados, também em Haia —, conforme denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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