O Irã está inclinado a rejeitar uma proposta dos Estados Unidos para encerrar décadas de disputa nuclear, reportou nesta segunda-feira (2) um diplomata iraniano, ao criticar os recentes esforços do presidente americano Donald Trump como um “não-começo”, que falha em buscar concessões.
As informações são da agência de notícias Reuters.
“O Irã está redigindo uma resposta negativa à proposta dos Estados Unidos, que pode ser interpretada como rejeição à oferta”, disse a fonte, próxima às negociações.
A proposta foi apresentada no sábado (31) a Teerã pelo ministro de Relações Exteriores de Omã, Sayyid Badr Albusaidi, que visitou brevemente a capital iraniana para mediar negociações entre as partes.
Após cinco rodadas de conversas entre o ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e o emissário trumpista ao Oriente Médio, Steve Witkoff, perduram diversos obstáculos.
Entre os quais, a rejeição iraniana ao compromisso em descartar por completo esforços de enriquecimento de urânio, bem como em transferir ao exterior toda sua reserva de urânio enriquecido — possível matéria-prima para bombas nucleares.
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Teerã insiste em avançar na tecnologia para fins energéticos.
“Na proposta, a postura americana sobre pesquisa em solo iraniano segue inalterada e não há explanação clara sobre suspender sanções”, indicou o diplomata, em condição de anonimato.
Araqchi prometeu responder ao plano em breve. A Casa Branca mantém pressão.
“O presidente Trump tem deixado claro que o Irã não pode obter uma bomba nuclear”, comentou a porta-voz do governo Karoline Leavitt. “O enviado especial Witkoff enviou uma proposta detalhada e razoável ao regime e aceitá-la é de seu interesse”.
Teerã, de sua parte, exige remoção imediata de todas as sanções ocidentais impostas a sua economia; para Washington, o embargo será suspenso em fases.
Dezenas de instituições vitais ao Irã, incluindo o Banco Central e sua petroleira estatal, permanecem sob veto encabeçado pelos Estados Unidos desde 2018, sob alegações de “apoiarem o terrorismo ou o tráfico de armas”.
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O ressurgimento da política de “máxima pressão” de Trump contra Teerã desde janeiro, quando retornou à presidência, inclui maiores sanções e mesmo ameaças.
Em seu primeiro mandato, Trump rescindiu unilateralmente o acordo nuclear iraniano de 2015, firmado com cinco outros países, e restituiu sanções. Dois anos depois, Teerã respondeu ao enriquecer urânio para além dos limites acordados.
Para o diplomata, no entanto, o novo acordo americano é “completamente unilateral”, mediante demandas abusivas.