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‘Não vão me silenciar’, diz ativista de Columbia após deixar a prisão

7 de maio de 2025, às 11h50

Protesto pela soltura de Mohsen Mahdawi, estudante e ativista da Universidade de Columbia, detido pelo regime Trump, em Nova York, nos Estados Unidos, em 15 de abril de 2025 [Mostafa Bassim/Anadolu via Getty Images]

Mohsen Mahdawi, aluno e ativista palestino da Universidade de Columbia, detentor de green card — isto é, visto permanente nos Estados Unidos —, solto após uma quinzena em custódia, reiterou que a “intimidação” do regime de Donald Trump a manifestações pró-Palestina não silenciarão seu ativismo.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Mahdawi foi detido durante entrevista de cidadania, em meados de abril, sob diretrizes legais de uso raríssimo, que supostamente preveem a revogação de visto de indivíduos considerados responsáveis por “consequências adversas de política externa”.

Mahdawi chegou a jurar à bandeira antes de ser preso por agentes de imigração.

Em sua primeira entrevista televisionada desde sua libertação, Mahdawi afirmou à CBS News que Trump e seus asseclas “não o silenciarão”. Para o ativista, sua soltura implica “um raio de esperança” aos colegas detidos, como Mahmoud Khalil e Rumeysa Ozturk, também de Columbia.

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Desde janeiro, quando assumiu posse, Trump intensificou esforços repressivos contra estudantes estrangeiros, a despeito de seu direito legal de assembleia e liberdade de expressão conforme a Constituição dos Estados Unidos.

A Trump e seu gabinete, ao mencionar uma “filosofia punitiva de intimidação”, reiterou Mahdawi: “Não tenho medo de vocês. Façam o que bem entenderem. Vocês não vão me silenciar”.

Os advogados do estudante registraram um processo contra o governo federal, horas após ser detido, ao notar violação de direitos constitucionais. Na quarta-feira (30) um juiz distrital deferiu sua soltura, por “evidências substanciais de que sua prisão incorreu de retaliação a discursos protegidos”.

Para Mahdawi, sua captura reflete “uma traição à Constituição dos Estados Unidos e ao devido processo”.

“Fiz tudo do jeito certo”, argumentou o ativista. “Estou aqui do jeito certo. Compareci a minha entrevista. Compartilhei informações e respondi a todas as perguntas. E mesmo disse, honestamente, que desejo defender e proteger a Constituição”.

Mahdawi caracterizou como “risível” as alegações do governo Trump: “Por acaso uma pessoa que defende expressamente a justiça e a paz age em detrimento da política em curso dos Estados Unidos?”.

Em carta, o secretário de Estado Marco Rubio solicitou a deportação de Mahdawi, ao acusá-lo, sem provas, de ameaçar transeuntes pró-Israel durante os protestos. Todavia, um vídeo de novembro de 2023 desmentiu Rubio, ao registrar o ativista repreendendo um cidadão por comentários antissemitas.

“Sempre deixamos claro que nosso movimento é sobre justiça e que não há espaço em nossas fileiras para o antissemitismo”, enfatizou o estudante à CBS News.

O caso de Mahdawi permanece em aberto, sob avaliação judicial de seu habeas corpus. Uma corte de recursos deve analisar seu caso, junto de Ozturk, nesta semana. Para o ativista, “a justiça prevalecerá — tenho isso em meu coração”.

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