clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Harvard processa governo Trump por congelamento de financiamento federal e pressão política

23 de abril de 2025, às 09h43

Uma vista geral do campus da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, EUA, 18 de abril de 2025 [Mostafa Bassim/Agência Anadolu]

A Universidade Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, na segunda-feira (21), marcando uma escalada significativa nas tensões entre a instituição da Ivy League e o líder republicano, que tem repetidamente ameaçado seu financiamento federal e pressionado por supervisão política de seus assuntos internos.

A ação judicial, apresentada em um tribunal federal em Massachusetts, argumenta que o governo federal está tentando ilegalmente usar o financiamento como ferramenta para interferir nas decisões acadêmicas de Harvard.

“Este caso envolve os esforços do governo para usar a retenção de financiamento federal como alavanca para obter o controle da tomada de decisões acadêmicas em Harvard”, afirmou a universidade no documento, que denunciou as ações do governo como “arbitrárias e caprichosas”, afirmando que violam tanto a Primeira Emenda quanto as leis federais estabelecidas.

A ação judicial ocorre em resposta à campanha mais ampla de Trump para pressionar universidades proeminentes, acusando-as de permitir que o antissemitismo floresça no campus. Ele ameaçou cortar o financiamento, revogar o status de isenção fiscal e restringir a matrícula de estudantes estrangeiros. Harvard, no entanto, se recusou a cumprir essas exigências.

LEIA: Do Vietnã a Gaza: quando a oposição pacífica à política externa dos EUA se torna motivo de acusação

As tensões atingiram o ápice na semana passada, quando Trump ordenou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em financiamento federal para Harvard, citando a recusa da universidade em aceitar o controle do governo sobre seus processos de admissão, práticas de contratação e viés político percebido. Em sua plataforma Truth Social, Trump descreveu Harvard como “uma PIADA” que “ensina ódio e estupidez” e indigna de ser reconhecida entre as principais instituições de ensino do mundo.

Na ação judicial, Harvard busca reverter o congelamento de financiamento e as condições impostas às bolsas federais. Também exige que a administração arque com os custos legais da universidade.

O reitor de Harvard, Alan Garber, confirmou que o governo Trump havia iniciado diversas investigações sobre as operações da universidade. Em uma resposta firme, Garber declarou na semana passada que Harvard “não negociará sua independência ou seus direitos constitucionais”.

A ação também reafirma a oposição de Harvard ao antissemitismo. “Não se enganem: Harvard rejeita o antissemitismo e a discriminação em todas as suas formas e está ativamente implementando reformas estruturais para erradicar o antissemitismo no campus”, afirma.

“Mas, em vez de se envolver com Harvard em relação a esses esforços em andamento, o governo anunciou um congelamento abrangente do financiamento para pesquisas médicas, científicas, tecnológicas e outras que não têm absolutamente nada a ver com antissemitismo.”

LEIA: Governo Trump ataca autonomia de Harvard e quer proibir entrada de alunos estrangeiros na universidade